O tenente-coronel do Exército Mauro Cid deve fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) levou um termo de intenção ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira (6). No documento, entregue ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, ele teria manifestado de modo formal a intenção de fechar o acordo.
Para que o acordo tenha validade, Moraes precisa aceitar e homologar o termo. O Ministério Público Federal também deve ser consultado sobre o acordo. Para tanto, é esperado que Cid traga fatos novos e diferentes daqueles já relatados por ele em depoimentos anteriores à PF. As informações foram publicadas pelos veículos CNN Brasil, Blog da Andréia Sadi e Folha de S. Paulo.
Na tarde da última quinta-feira, em seu perfil pessoal na rede social X, antigo Twitter, o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten publicou uma postagem na qual afirma que "não há o que delatar". A postagem não faz referência direta a Mauro Cid.
Além do caso das joias, há contra Cid suspeitas de tentar vender ilegalmente outros presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais. Os veículos tentaram contato com o advogado de Mauro Cid, Cézar Bittencourt, mas não houve retorno.
Outra situação que pode ser esclarecida pelo ex-ajudante de ordens é o suposto envolvimento dele nas tratativas sobre uma possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto.
Diante dessas questões, uma delação de Mauro Cid é considerada importante também para o futuro de Bolsonaro, já que, como ajudante de ordens, ele poderia ter sido peça-chave em diversos dos casos sobre os quais foram levantadas suspeitas contra o ex-presidente.
Além disso, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro também pretende realizar um acordo de delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, após a autorização dada pela advocacia do Senado. O pedido para a realização da delação foi apresentado pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA).
Versões anteriores da defesa de Cid
Em 18 de agosto, o advogado Cézar Bittencourt chegou a afirmar que Cid iria confessar à Justiça como participou do suposto esquema de venda das joias recebidas de presente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, horas depois a defesa do militar mudou o discurso e disse que a declaração do investigado seria apenas sobre o relógio Rolex.
A mudança de versão, no entanto, ocorreu depois que advogados que representam Bolsonaro entraram em contato com ele após a publicação sobre a hipotética confissão pela imprensa.
Bitencourt negou que tenha sofrido alguma pressão e disse que mudou a versão de uma confissão para um esclarecimento sobre “apenas o relógio”, após ter feito uma reflexão para “verificar até onde se pode ir”.
Dias depois, em 1º de setembro, Cid prestou depoimento à PF, por mais de 10h, sobre o suposto desvio de joias e presentes recebidos pelo ex-presidente para venda nos Estados Unidos. Mas a defesa do militar afirmou que o ex-ajudante de ordens não fez acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nos depoimentos dados à PF.
Mauro Cid está preso desde 3 de maio após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos em cartões de vacinação contra a covid-19. Ele é também responde por outros sete processos, dentre eles, o da compra das joias sauditas e o possível envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.
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