Depoimento do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente da República, na CPMI do 8/1.| Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Ouça este conteúdo

O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que o ex-ajudante de ordens não fez acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nos depoimentos dados à Polícia Federal (PF). O militar prestou depoimento à PF, por mais de 10h, nesta quinta-feira (1), sobre o suposto desvio de joias e presentes recebidos pelo ex-presidente para venda nos Estados Unidos.

CARREGANDO :)

A afirmação do advogado foi feita em um áudio enviado a uma emissora de TV após uma série de especulações sobre o que Mauro Cid teria falado à polícia. Segundo Bittencourt, as declarações de Cid à PF foram relacionadas aos pagamentos feitos pelo militar a pedido do presidente – todos, segundo ele, dentro da lei.

"E o que ele [Cid] pegava em dinheiro e pagava as contas do Bolsonaro do presidente, do ex-presidente, ele disse claramente. Eu perguntei pra ele. Era da aposentadoria dele [de Bolsonaro] e daquilo que ele recebia como presidente. Esse era o dinheiro que o Cid movimentava", diz a defesa.

Publicidade

No áudio, o advogado diz ainda que, nos depoimentos de Cid até agora, não há "nenhuma acusação em relação à honestidade de Bolsonaro".  Ele reitera várias vezes que não foram apresentadas “acusações contra o Bolsonaro e nem contra os militares". “Isso não existe e nunca existiu”, disse.

"Estão colocando palavras que não tem no [depoimento do] Cid. Acusações a Bolsonaro que não existem. Esse problema que você falou da compra e da recompra das joias o Cid assumiu tudo. Não colocou Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação de corrupção, envolvimento de Bolsonaro, envolvimento ou suspeita de Bolsonaro. A defesa não está colocando o Cid contra Bolsonaro", declarou.

Declarações contraditórias

A defesa de Cid vem sendo criticada por alguns jornais por ter voltado atrás em algumas declarações. O advogado Cézar Bittencourt é o terceiro a assumir o caso desde o início das investigações contra o militar.

No dia 18 de agosto, Bittencourt chegou a afirmar a um jornal que Cid iria confessar à Justiça como participou do suposto esquema de venda das joias recebidas de presente pelo ex-mandatário da República. Porém, horas depois ele mudou o discurso dizendo que a declaração do investigado seria apenas sobre o relógio Rolex.

A mudança de versão, no entanto, ocorreu depois que dois advogados que representam Bolsonaro entraram em contato com ele após a publicação da revista. O primeiro ele não soube dizem quem era, e o segundo foi Paulo Cunha Bueno, já na madrugada desta sexta (18).

Publicidade

Bitencourt negou que tenha sofrido alguma pressão e disse que mudou a versão de uma confissão para um esclarecimento sobre “apenas o relógio”, após ter feito uma reflexão para “verificar até onde se pode ir”.

Mauro Cid está preso desde 3 de maio após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos em cartões de vacinação contra a covid-19. Ele é também responde por outros sete processos, dentre eles, o da compra das joias sauditas e o possível envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro pretende realizar um acordo de delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, após a autorização dada pela advocacia do Senado. O pedido para a realização da delação foi apresentado pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA).