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O tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento ao STF após vazamento de áudios.
O tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento ao STF após vazamento de áudios.| Foto: EFE/Andre Borges.

O tenente-coronel Mauro Cid recuou e negou ter sido coagido pela Polícia Federal em depoimentos. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi chamado a prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), no início da tarde desta sexta-feira (22), após a revista Veja revelar áudios em que ele critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes e da PF.

O militar reafirmou o conteúdo da delação premiada que assinou com a PF no passado. Nas gravações reveladas pela publicação, Cid disse que foi pressionado pela PF a delatar episódios dos quais não tinha conhecimento ou “que não aconteceram”. Além disso, afirmou que Moraes tem uma “narrativa pronta” e estaria aguardando somente o momento certo de “prender todo mundo”.

Durante a oitiva, Cid confirmou que é a voz dele nas gravações, mas destacou que se tratava de uma conversa “informal, privada, particular, sem intuito de ser exposta em revista de grande circulação”. O tenente-coronel confirmou que "deseja manter o acordo de colaboração premiada", nos "exatos termos" em que foi celebrado.

Logo após o depoimento, Moraes determinou a prisão preventiva de Cid por obstrução de Justiça e descumprimento de medidas cautelares. O ministro divulgou nesta noite a transcrição da ata do depoimento prestado por Cid para afastar "qualquer dúvida" sobre a legalidade da delação.

“Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações, torno pública a ata de audiência realizada para a oitiva do colaborador, no dia 22/3/2024, às 13h, na sala de audiências do Supremo Tribunal Federal, com a presença da Procuradoria-Geral da República e dos defensores”, escreveu Moraes na decisão.

Cid diz que áudio foi "desabafo" em momento "sensível"

Mauro Cid afirmou que mandou mensagem de áudio em tom de “desabafo”, mas não revelou quem seria o interlocutor. O militar disse que "não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim". Ele relatou ao desembargador Airton Vieira – juiz instrutor designado por Moraes – que está enfrentando "problemas financeiros e familiares".

"Esse mês de março, por causa da promoção, está mais sensível. Tudo que falou foi um desabafo", disse ao juiz instrutor. Cid relatou ainda que sua “carreira está desabando” e que "os amigos o tratam como leproso, com medo de se prejudicar". Ele afirmou que "está enclausurado" e "engordou mais de 10 quilos".

Segundo a transcrição da oitiva, Cid ressaltou que a delação foi feita por livre e espontânea vontade. "Nunca houve induzimento às respostas. Nenhum membro da Polícia Federal o coagiu a falar algo que não teria acontecido", disse o militar.

O tenente-coronel sustentou que o áudio foi um desabafo “genérico, todo mundo acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas". Questionado sobre quem teria a “narrativa pronta” na investigação, Cid afirmou que a PF tem uma linha de investigação e ele apresentou sua versão dos fatos nos depoimentos. O militar ressaltou que nenhum policial o coagiu a falar algo que não tenha acontecido.

Prisão preventiva e delação

Após ser preso, Mauro Cid passou por exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. Ele foi levado para o Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, onde ficará preso por tempo indeterminado.

O acordo de delação firmado agora será reanalisado por Moraes, que pode rever o benefício pactuado pela PF, principalmente a pena máxima de 2 anos de prisão. Já os termos da colaboração, com o que relatou até agora à Polícia Federal, seguem mantidos e não estão sob reanálise do ministro.

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