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Lula e Zelensky
Reunião entre Lula e Zelensky ocorre após desencontros entre os presidentes| Foto: Foto: Ricardo Stuckert/PR

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não propôs o chamado "clube da paz", agremiação de países que intermediariam um acordo entre a Rússia e a Ucrânia para colocar fim ao conflito. A declaração do chanceler ocorreu após a reunião de Lula com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Nova York, nesta quarta-feira (20).

"Nunca houve uma proposta desse clube da paz. Vi vários pontos na imprensa, mas o presidente nunca propôs uma coisa desse tipo, com este nome. O que ele sempre disse era que ele ouvia muito de guerra e que queria ouvir de paz. Ele estaria disposto a fazer todos os esforços possíveis para se chegar a paz", disse o chanceler.

A declaração vai na contramão do que foi afirmado por Lula em janeiro deste ano em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. “A minha sugestão é que a gente crie um grupo de países, que tente sentar à mesa com a Ucrânia e com a Rússia para tentar encontrar a paz”, disse Lula.

O encontro entre Lula e Zelensky começou por volta das 17h desta quarta em Nova York (18h, no horário de brasília), e durou aproximadamente meia hora. Segundo Vieira, o tom da conversa entre os presidentes foi "amistoso".

"Não há nenhum desentendimento entre os dois chefes de Estado. Concordaram em continuar com esse diálogo quando for possível, nas ocasiões onde tiverem de se encontrar, mas, sobretudo, instruíram a mim e ao ministro do Exterior ucraniano, para continuarmos em contato", disse o chanceler brasileiro.

Vieira também afirmou que Lula pediu a Zelensky que o Brasil faça parte de um eventual grupo formado para negociar a paz entre Rússia e Ucrânia. "Ele (Lula) disse que acredita firmemente no diálogo e na negociação. Sem diálogo e sem negociação não há saída. Ele insistiu muito ao presidente Zelensky que está disposto a integrar qualquer grupo com outros países que sejam escolhidos pelas duas partes para promover a possibilidade de encontro de paz", afirmou o ministro.

Do lado ucraniano, logo após a reunião, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleb, informou que Lula se comprometeu com a Ucrânia e a continuar ajudando a "promover a paz".

Nas redes sociais, o presidente da Ucrânia se pronunciou após o encontro: “Reunião importante com Lula. Após a nossa discussão honesta e construtiva, instruímos as nossas equipas diplomáticas a trabalhar nos próximos passos nas nossas relações bilaterais e nos esforços de paz. O representante brasileiro continuará participando das reuniões da Fórmula da Paz”.

O petista não falou com a imprensa após o encontro com o chefe de Estado ucraniano, mas também se manifestou pelas redes sociais.

"Hoje me reuni em Nova York com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países", disse o presidente brasileiro.

Encontro entre Lula e Zelensky é realizado após desencontros entre os chefes de Estado

Abordado na terça-feira (19) por jornalistas, Lula afirmou que o encontro seria “uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, suas visões”. “Será sobre os problemas que ele (Zelensky) quer conversar comigo”, completou o petista.

A reunião ocorreu após o desencontro entre os presidentes durante a cúpula do G7, em Hiroshima, em maio deste ano. Na época, o governo brasileiro disse que chegou a oferecer três horários ao presidente da Ucrânia para uma reunião, mas Zelensky não teria aparecido para o compromisso.

A versão de Lula foi rebatida por Zelensky, que afirmou não ter culpa do desencontro. O presidente da Ucrânia também criticou o governo brasileiro pela falta de apoio para a criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra.

Recentemente, Lula criou um mal-estar internacional ao defender que Vladimir Putin poderia vir “facilmente” ao Brasil para a Cúpula do G20 no próximo ano sem risco de prisão.

O ditador russo é alvo de um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra na Ucrânia. O Brasil é signatário do acordo que deu origem ao TPI.

Após a polêmica, Lula reconheceu que não cabe a ele ou ao Congresso a decisão sobre uma eventual prisão de Putin, mas questionou a composição e a autoridade da Corte internacional.

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