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O ex-presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (4) estar sendo "crucificado" por um presente que não pediu nem recebeu, em referência às joias entregues pelo governo da Arábia Saudita que foram retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP) em outubro de 2021.
As joias eram um presente para Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entregues à comitiva do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Estavam na mochila de um assessor do ministro, Marcos André dos Santos Soeiro, e foram apreendidas pela Receita.
“Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão”, disse Bolsonaro na manhã deste sábado à CNN Brasil.
No fim da tarde, após participar de uma conferência de conservadores nos arredores de Washington, capital dos Estados Unidos, ele afirmou que não tentou trazer joias ilegalmente ao país.
"Eu agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso", disse o ex-presidente, segundo relato da "Folha de S.Paulo".
"Eu estava no Brasil quando esse presente foi ofertado lá nos Emirados Árabes para o ministro das Minas e Energia. O assessor dele trouxe em um avião de carreira e ficou na alfândega, eu não fiquei sabendo", afirmou Bolsonaro.
"Me acusam, me crucificam por um presente que eu não recebi nem a primeira-dama. Até o valor daquilo foi uma surpresa para mim, [R$] 16 milhões que estão dizendo. Não sei, pode até ser que seja verdade", disse Bolsonaro, ainda segundo a "Folha".
O ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten, escreveu no Twitter que todo o processo de entrada das joias no país foi documentado na época e que os documentos comprovam que os presentes seriam encaminhados ao acervo presidencial.
Wajngarten publicou ofício do Ministério de Minas e Energia, emitido em 3 de novembro de 2021 – uma semana após a apreensão das peças – e direcionado à Receita Federal, que pede a liberação dos itens dando a entender que seriam direcionados ao acervo, passando a ser propriedade do Estado brasileiro.
“Considerando a condição específica do Ministro – representante do Senhor Presidente da República; a inviabilidade de recusa ou devolução imediata de presentes em razão das circunstâncias correntes; e os valores histórico, cultural e artístico dos bens ofertados; faz-se necessário e imprescindível que seja dado ao acervo o destino legal adequado”, diz o ofício.
Wajngarten publicou outro ofício, datado de 29 de outubro de 2021 e assinado eletronicamente em 3 de novembro de 2021, assinado pelo então chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), Marcelo da Silva Vieira. O GADH é vinculado ao Gabinete Pessoal do Presidente da República.
No documento, direcionado ao ministro de Minas e Energia, Vieira afirmava que os presentes encontravam-se na condição de encaminhamento ao GADH "para análise quanto à incorporação ao acervo privado do presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República".
Segundo o ex-secretário de Comunicação, "as joias estavam numa caixa selada que só foi aberta pela Receita no aeroporto". "Ninguém sabia o que tinha dentro. Não é verdade que as joias estavam escondidas", escreveu.
"Inventaram um escândalo de diamantes para calar os desvios de conduta do ministro das comunicações do Lula, a trapalhada do Haddad na economia e um navio de guerra iraniano que ninguém sabe o que veio fazer no Brasil... A picanha caiu antes do dia 05 para o consórcio!", disse Wajngarten.
A ex-primeira-dama também usou o Twitter para se manifestar sobre o caso. “Quer dizer que ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa vexatória”, disse Michelle.