Primeira reunião da Cúpula do Mercosul no Paraguai foi marcada por críticas ao andamento do bloco.| Foto: divulgação/Mercosul
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A primeira reunião da 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada neste domingo (7) em Assunção, no Paraguai, foi marcada por uma troca de farpas entre os ministros das Relações Exteriores dos países membros do bloco.

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Enquanto que Mauro Vieira, do Brasil, ressaltou a importância de se reforçar a atuação do bloco, a da Argentina, Diana Mondino, disse que é preciso dar um “choque de adrenalina” para avançar nas negociações diretamente com outros países do mundo, e não apenas entre blocos.

“Creio que o Mercosul está precisando de um choque de adrenalina. A agenda do bloco possui um alto grau de inércia, avança lentamente, dadas as enormes mudanças no mundo. Não é que não avance, mas o mundo vai mais rápido”, disse.

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A opinião de Mondino foi acompanhada pelo chanceler uruguaio Omar Paganini, que já expressou em outras reuniões do Mercosul o interesse em fazer acordos bilaterais diretos entre o país e outras nações -- principalmente a China.

Paganini também criticou a burocracia imposta mesmo entre os países do bloco para as trocas comerciais, principalmente os controles duplicados nas fronteiras e falta de reconhecimento de certificações pelas autoridades nacionais dos países.

“Começamos a eliminação de barreiras há mais de 30 anos e reconhecemos que ainda estamos distantes de ser uma zona de livre comércio, talvez não em termos de eliminação de tarifas, mas sim em medidas de caráter administrativo, financeiro e cambiário com as quais alguns Estados parte, ou todos em algum momento, dificultamos o comércio recíproco”, pontuou.

Por outro lado, Mauro Vieira não comentou diretamente as críticas de Mondino e Paganini, afirmando apenas que é preciso fortalecer as cadeias produtivas do Mercosul e defender a democracia. Este ponto, em especial, foi uma alfinetada por conta da tentativa de golpe de Estado na Bolívia na semana passada – o país está ingressando oficialmente no bloco nesta cúpula.

“Para enfrentar os desafios globais e fortalecer a nossa região, devemos, primeiramente, fortalecer nosso bloco, com instituições robustas, maior integração de nossas cadeias produtivas, mais cooperação e, acima de tudo, com a constante defesa dos nossos princípios fundadores: a paz e a democracia como elementos-chave do processo de integração”, afirmou.

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Ele ainda relembrou os atos de 8 de janeiro de 2023 para reforçar a necessidade de fortalecer as instituições democráticas nos países membros do bloco.

Mauro Vieira propôs a criação de um grupo de trabalho sobre Comércio e Gênero, proposto pelo Paraguai e que estaria sendo criticado pela Argentina. A oposição a menções a pessoas LGBTQIA+ em textos da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) também foi mencionada.

“O Brasil apoia a proposta do Paraguai de criar um subgrupo de trabalho sobre Comércio e Gênero, a respeito do qual, contudo, ainda não foi possível lograr consenso. Esperamos poder avançar, no segundo semestre, de maneira mais concreta, nesse tema tão caro a nossas democracias, que devem ser cada vez mais inclusivas e igualitárias”, afirmou.

Além disso, Vieira enfatizou a importância do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) e do Instituto Social do Mercosul (IMS), pedindo mais apoio para suas atividades. Ele lembrou que os países membros assinaram, em 2005, o Protocolo de Assunção, comprometendo-se a promover e proteger os direitos humanos.

“Quero trazer para este conselho, de maneira clara, a visão do Brasil sobre a institucionalidade do bloco. Devemos trabalhar de forma constante e construtiva para fortalecer, e não para diminuir, as instituições do Mercosul, em particular os órgãos que tratam de temas tão importantes, como o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) e o Instituto Social do Mercosul (IMS)”, ressaltou.

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A expectativa é de que estes assuntos sejam tratados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda (8) durante a sessão plenária e no almoço com os demais líderes, no começo da tarde. Por outro lado, o presidente argentino, Javier Milei, já adiantou que não participará da cúpula e será representado por Mondino.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]