Ao indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a contradizer seu discurso de campanha. Em 2022, o petista afirmou que “tentar mexer na Suprema Corte para colocar amigo é um atraso, é um retrocesso”.
“Você não indica um ministro da Suprema Corte para votar favorável a você ou te beneficiar. Os ministros da Suprema Corte têm que ter currículo, as pessoas têm que ter história, tem que ter biografia e essa gente precisa fazer o que tem que ser feito”, disse o mandatário no debate eleitoral realizado pela TV Band no dia 16 de outubro.
“Eu estou convencido que tentar mexer na Suprema Corte para colocar amigo, companheiro, partidário, é um atraso, é um retrocesso que a República brasileira já conhece muito bem. Eu sou contra”, acrescentou. “Eu acho que a Suprema Corte tem que ser escolhida por competência, por currículo e não por amizade”, defendeu.
Em junho, Lula indicou seu advogado particular, Cristiano Zanin, para o cargo de ministro do STF. No mesmo mês, Zanin esteve no casamento do presidente com Rosângela Lula da Silva, a Janja. Em março, quando Zanin era tido como um dos favoritos para ser o novo ministro, o petista chamou o advogado de "amigo" em entrevista à BandNews FM e ressaltou que “nunca” pediu nenhum favor a nenhum ministro.
No entanto, o discurso sobre a amizade com Zanin mudou durante este ano. Em julho, Lula negou ter uma relação de amizade com seu ex-advogado nos processos da Lava Jato.
“Ele [Zanin] não era amigo, ele era meu advogado. É uma pessoa extremamente capaz. O Zanin foi escolhido porque o Zanin é um homem do presente e um homem do futuro. Ele é muito estudioso, ele é muito competente, muito dedicado e muito sério. Essas foram as razões pelas quais ele foi escolhido. E eu acho que ele vai ser um extraordinário ministro da Suprema Corte”, disse o presidente em entrevista à TV Record.
Lula voltou a apostar em um aliado para assumir uma vaga no Supremo e confirmou a indicação do ministro da Justiça à Corte. Dino é um dos ministros mais combativos na defesa do governo. Além disso, ele conta com o apoio dos dois mais poderosos ministros do STF: o decano Gilmar Mendes e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
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