O ex-presidente Michel Temer destacou, em live realizada nesta sexta-feira (24) pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), a importância do diálogo entre a União, estados e municípios, e também entre os Poderes, para a recuperação do país no período pós-pandemia do novo coronavírus.
"Tenho insistido que o presidente faça reuniões com governadores, com o Judiciário, com os presidentes da Câmara, do Senado. Que faça bons contatos de natureza jurídico-institucional. A paz entre os Poderes e as unidades federativas é fundamental pra combater a pandemia", disse Temer.
Questionado a respeito de possíveis conversas que teve com o presidente Jair Bolsonaro, Temer mencionou duas ocasiões em que ambos se falaram por telefone. Na primeira, por iniciativa do ex-presidente, Temer aconselhou que Bolsonaro decretasse o isolamento social no país, para combate à Covid-19 – ideia que o atual presidente não acolheu.
Depois, em outra conversa – esta por iniciativa de Bolsonaro –, Temer aconselhou que o presidente respeitasse certa "liturgia e cerimônia" ao dar declarações públicas. "Dei palpites sobre as entrevistas no 'cercadinho' do Alvorada, que só criavam problemas para ele, para o governo e para o país. Expliquei que eu tinha um porta-voz que dizia o que foi feito no governo e, uma vez por semana, eu dava uma entrevista. A palavra do presidente faz a pauta do país. Certa liturgia e cerimônia são importantes", contou Temer.
O ex-presidente salientou que o país vive três crises simultâneas: a sanitária; a econômica; e a política, desencadeada pela saída do ex-ministro Sergio Moro do governo. Temer destacou, porém, que todos os esforços da União (inclusive financeiros) devem ser direcionados para combate à pandemia. "A economia poderá ser recuperada. Vidas, não. É importante que os mais vulneráveis sejam prestigiados nesse momento", destacou Temer.
Na avaliação de Temer, país "está pronto" para reforma tributária
Durante a live, o ex-presidente também comentou a recente mudança de postura do presidente Jair Bolsonaro na aproximação com o chamado Centrão para formação de uma base no Congresso Nacional. "Demorou para o governo admitir que ele precisa de apoio ao Congresso. Demorou, mas o presidente compreendeu. E quem faz a articulação politica é o presidente. É importante, você precisa deles [de deputados e senadores] para governar", avaliou Temer.
Questionado sobre a reforma tributária apresentada pelo governo, o ex-presidente destacou a importância de simplificar o ambiente de negócios no país, mas disse que seria mais produtivo se o governo tivesse encaminhado a reforma completa ao Congresso. "Acho que o país está pronto para uma reforma tributária. [O governo] não pode perder essa janela", afirmou.
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