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Michelle faz campanha em redutos eleitorais de Lula enquanto Bolsonaro investe no Sul

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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle participando de evento em Belém, no Pará (Foto: Foto: Zack Stencil/PL)

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Ao intensificar as viagens neste segundo semestre, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro buscam impulsionar o Partido Liberal em estados de diferentes regiões com o objetivo de reforçar a campanha eleitoral do ano que vem. Enquanto Bolsonaro foca nos estados do Sul, Michelle diversifica as agendas nos estados do Norte e Nordeste, região considerada reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com a inelegibilidade do marido, proclamada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho deste ano, Michelle vem sendo utilizada pelo PL como alternativa para captar novas filiações pelo país, com destaque para Norte e Nordeste. Só neste ano, ela já visitou Rondônia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Pará. Nestes dois últimos estados, ela esteve acompanhada de Bolsonaro.

Na avaliação de aliados, a ex-primeira-dama possui o carisma para avançar em estados que Bolsonaro perdeu, em 2022. Nesse contexto, o PL Mulher, presidido por Michelle, é visto como bom agregador de filiações e permite maior trânsito do nome Bolsonaro na região. Segundo fontes da sigla, mais de 43 mil pessoas se filiaram ao PL até outubro, sendo 14 mil mulheres.

“Michelle tem sido muito valorizada, tem aparecido muito ao lado de Bolsonaro nessas viagens e virou alvo por parte do governo federal por conta das denúncias no caso das joias. Entretanto, ela com certeza é uma pessoa que pode causar impacto eleitoral sim. Ela é carismática, fala bem, faz bons discursos, tem uma boa presença junto ao povo feminino, que não é um eleitorado muito cativo”, avaliou o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec.

O cumprimento de agendas conjuntas entre o Bolsonaro e Michelle, como ocorreu no dia 21 em Belém (PA), também é vista por aliados como uma forma do casal mostrar união em meio à indefinição sobre o sucessor do ex-presidente. Apesar de ter sido aventada como possível presidenciável, fontes do PL avaliam que a ex-primeira-dama deve manter a campanha ao Senado Federal pelo Distrito Federal.

Tanto Valdemar Costa Netto, quanto Bolsonaro, entendem o potencial de Michelle. No entanto, a leitura nos bastidores é que a sigla deseja deixar a vaga presidencial ainda em aberto para futuras alianças em 2026. Nesse contexto, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aparece como o favorito do ex-presidente para a disputa contra o PT.

Ex-presidente reforça agendas no Sul e Sudeste

Tendo realizado encontros em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina, neste semestre, o ex-presidente procura reforçar sua base em estados que deram vantagem sobre Lula na última eleição. O objetivo da sigla é cacifar o PL para eleger mil prefeitos em 2024. Atualmente, a sigla conta com cerca de 360 gestores municipais.

Retirando as visitas que faz no Distrito Federal e entorno, São Paulo é o estado que o ex-presidente mais visitou desde que voltou dos Estados Unidos. Seja na capital ou no interior, o ex-presidente já visitou a região por cinco vezes. Já em Santa Catarina e Goiás, foram três vezes; e Minas Gerais recebeu o ex-presidente duas vezes.

Para o cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), as viagens do ex-presidente visam dar ao PL musculatura para enfrentar o PT em 2024 e 2026.

“O objetivo dele é usar esse carisma para dar ao PL uma coisa que ele não teve: um partido com quadros. Atualmente o PL é um partido com pouca consistência ideológica e pouco conteúdo programático. Então, ele quer dar musculatura partidária e uma maior capilaridade da legenda em fazer frente ao Partido dos Trabalhadores”, disse o professor.

Ele acrescenta: “A escolha dos locais é bastante estratégica, o que leva a crer que ele está procurando se articular para poder aumentar o peso da sua influência política da sua capacidade de articulação com lideranças locais para quebrar um pouco da hegemonia do lulopetismo.”

Títulos e homenagens reforçam presença de Bolsonaro nos estados

Os títulos de “cidadão honorário” recebidos reforçam a presença do ex-mandatário em redutos estratégicos, como: Minas Gerais, Cuiabá e Barretos (SP). De acordo com levantamento feito pelo jornal "O Estado de S. Paulo", as assembleias legislativas e câmaras municipais aprovaram oito títulos em homenagem a Bolsonaro nos últimos 12 meses. Também foram localizadas 15 homenagens, das quais quatro foram aprovadas, quatro já foram entregues e sete estão em processo de tramitação.

Dentre as homenagens, Bolsonaro receberá o título de cidadão de São Bernardo do Campo (SP), no ABC Paulista, em solenidade em 30 de novembro. A proposta foi apresentada pelo vereador Paulo Chuchu (PRTB) na Câmara de Vereadores do município. A cidade localizada na região metropolitana de São Paulo é reduto de Lula, onde o petista atuou como metalúrgico e sindicalista.

Comentando a investida de Bolsonaro em diversos redutos eleitorais, Adriano Cerqueira relembra que o crescimento do conservadorismo no Brasil e a ascensão de parlamentares ligados à direita.

“Mais do que furar a bolha do lulopetista, acho que o Bolsonaro está investindo no crescimento da representação parlamentar de políticos ligados ao conservadorismo e à própria direita. Esse eleitorado tem sido cada vez maior no Brasil e tem gerado um aumento de números de vereadores, deputados estaduais, deputados federais, prefeitos, governadores, senadores. Então, com certeza o Bolsonaro está investindo nessa base”, disse o professor.

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