Com o pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich, nesta sexta-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro cogita desta vez um nome militar para ocupar a pasta. O escolhido por ele será o terceiro ministro da Saúde a ocupar o cargo em 2020, durante a pandemia de coronavírus, e pode ser o 10.º ministro de origem militar na Esplanada dos Ministérios. A possível escolha de um egresso das Forças Armadas reacende o debate sobre a militarização do governo.
Nesta semana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) polemizou ao afirmar que a presença de muitos militares no governo é um "sinal de fraqueza" de Bolsonaro. O também ex-presidente Michel Temer (MDB) tem opinião diferente e disse que os militares são "muito preparados" para ocupar cargos no Executivo.
Dois nomes "fardados" estão cotados para assumir a cadeira de Teich. O general Eduardo Pazuello, atual número 2 da pasta, assumiu a função interinamente, mas pode até ser efetivado por Bolsonaro. Outro que surge como favorito nos bastidores é o vice-almirante Luiz Claudio Barbedo Fróes, atual diretor de Saúde da Marinha. Ele é médico de formação.
Quantidade de militares no governo é "sinal de fraqueza"?
Em live na internet promovida pela ONG Casa do Saber nesta semana, FHC disse que a grande quantidade de militares no governo demonstra fraqueza do presidente Jair Bolsonaro. “Não creio que as Forças Armadas estão fazendo um movimento para ocupar o poder. É a fraqueza do presidente que o leva a nomear muitos militares. Nomeação de militares é sinal de fraqueza”, disse o tucano.
Já Michel Temer disse, nesta sexta-feira (15), em participação ao vivo na CNN, que não vê a militarização do governo com maus olhos. “Não faço distinção entre militar e civil no governo. Os militares são muito preparados", disse o ex-presidente, que teve dois generais da reserva em seu governo: Sérgio Etchegoyen, no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Joaquim Silva e Luna, no Ministério da Defesa.
Para o cientista político Doacir Quadros, a nomeação de tantos militares é mais um sinal de que Bolsonaro tem dificuldade de dialogar com setores da sociedade civil do que uma fraqueza política propriamente dita. “Observa-se que o atual presidente não está conseguindo manter um diálogo conciliador com esses setores e tem que preencher essa carência, esse vácuo, com seguidores do seu grupo, que mantêm uma espécie de apoio", explica.
A militarização do governo é também, segundo Quadros, uma estratégia político-eleitoral. “Parte do eleitorado civil de Bolsonaro é simpatizante aos militares”, diz. O próprio presidente é oriundo das Forças Armadas — foi capitão do Exército.
Para o deputado federal General Peternelli (PSL-SP), o alto número de militares no governo federal é natural devido ao relacionamento de Bolsonaro com a categoria.
“O fato de ter ou não militares [no governo] é muito em função do relacionamento. É normal que se o presidente tem um vínculo com determinado segmento, que esse segmento predomine. O importante é verificar se o trabalho está sendo executado com serenidade e cumprindo o que se espera”, afirma o parlamentar.
Quem são os ministros fardados do governo
Se Bolsonaro de fato nomear um militar para a Saúde, ele será o 10.º ministro com origem militar no governo. Ele vai se juntar a outros que já fazem parte do primeiro escalão:
- Braga Neto (Casa Civil)
- Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)
- Augusto Heleno (GSI)
- Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência)
- Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia)
- Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
- Wagner Rosário (CGU)
- Tarcísio Freitas (Infraestrutura)
- Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Além dos titulares dos ministérios e do vice-presidente, o general Hamilton Mourão, o governo federal tem mais de 2,8 mil militares cedidos a órgãos da administração federal, segundo levantamento do site Poder 360. São 1,5 mil militares cedidos do Exército, 680 cedidos pela Marinha e 622 da Aeronáutica.
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