Com Jair Bolsonaro, presença de militares no primeiro escalão do governo federal é a maior desde a redemocratização.| Foto: Marcos Corrêa/PR

Um capitão reformado como presidente da República, um general vice-presidente e mais oito ministros. Nunca, após a redemocratização, os militares estiveram tão presentes no primeiro escalão do governo federal como no início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. E a presença militar se deu em áreas estratégicas do governo. Além de postos em que era previsível a escolha de um militar, como o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), integrantes das Forças Armadas foram nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro para pastas como Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Infraestrutura, entre outras.

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O número de militares também foi recorde no segundo e terceiro escalões do governo, com cargos importantes em outros ministérios como Justiça, Educação e Meio Ambiente, além da presidência de instituições como Correios, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a diretoria-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e de Itaipu Binacional.

Ao longo do ano, no entanto, o desencontro de opiniões entre o “núcleo militar” e o “núcleo ideológico” do governo Bolsonaro causou algumas baixas ou rebaixamentos de militares no Planalto.

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O primeiro ministro do núcleo militar a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido em junho do ministério da Secretaria de Governo após atritos com o guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho e o vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Ele foi substituído, no entanto, por outro general de Exército, Luiz Eduardo Ramos.

Na mesma semana, outros dois militares foram demitidos: Franklimberg de Freitas caiu do comando da Funai, por pressão da bancada ruralista contra a demarcação de terras indígenas, enquanto o general Juarez Aparecido de Paula Cunha deixou os Correios após ter ido ao Congresso e criticado publicamente os planos do governo de privatizar a empresa.

Com a exoneração de Cunha dos Correios, a estatal passou para o domínio do general Floriano Peixoto que, para assumir o cargo, foi rebaixado do seu posto de ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

No Ministério da Educação, os atritos entre as duas correntes mais presentes no governo Bolsonaro causaram uma limpa no segundo escalão. De lá, saíram o coronel Ricaro Roquetti, o tenente coronel Claudio Titericz, o capitão de corveta Eduardo Miranda Freire de Melo e o tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira, todos ex-diretores da pasta.

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O general João Carlos Jesus Corrêa foi exonerado em outubro do Incra. Seu desempenho no órgão não agradou ao secretário de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, que achou “tímida” a entrega de títulos de propriedade pelo instituto neste ano.

A última baixa foi a do general Maynard Santa Rosa, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência, em novembro. Com sua saída, outros quatro militares ligados à pasta pediram demissão.

Número de fardados em cargos de assessoramento é maior do que no governo Temer

Se no alto escalão o núcleo militar sofreu algumas baixas ao longo do ano, nos cargos de assessoramento a presença de oficiais da ativa ou da reserva seguiu crescendo. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, com pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação, indica que há ao menos 2.500 militares em cargos de confiança no governo federal – pelo menos 325 postos a mais que no governo Michel Temer.

Só no GSI são 1.061 militares à disposição do ministro-general Augusto Heleno. Na vice-presidência, ocupada pelo general Hamilton Mourão, a presença de oficiais saltou de três, no governo Temer, para 65. O ministro Sergio Moro conta, na Justiça, com a assessoria de 28 militares.

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Militares no primeiro escalão

CargoNome
PresidenteJair Bolsonaro
Vice-presidenteHamilton Mourão
GSIAugusto Heleno
Secretaria de GovernoLuiz Eduardo Ramos
Secretaria-Geral da PresidênciaJorge Oliveira
Ciência e TecnologiaMarcos Pontes
Minas e EnergiaBento Albuquerque
DefesaFernando Azevedo
InfraestruturaTarcísio Freitas
CGUWagner Rosário