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Previdência

Militares da reserva fazem três dias de protestos contra reforma de Bolsonaro

Militares da reserva fazem protestos em Brasília contra Bolsonaro
Militares da reserva dizem ter sido prejudicados pela reforma da Previdência da categoria proposta por Bolsonaro e aprovada pelo Congresso. (Foto: Reprodução/Youtube)

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Militares da reserva e pensionistas das Forças Armadas realizaram três dias de manifestações em Brasília, nesta semana, contra o presidente Jair Bolsonaro e o que chamam de descumprimento do acordo entre governo federal e Senado que permitiu, no ano passado, a aprovação da reforma da Previdência dos militares. O texto aprovado determinou a reestruturação das carreiras. As manifestações ocorreram entre terça-feira (20) e quinta-feira (22) em frente ao Ministério da Defesa e na Praça dos Três Poderes.

Quando a reforma foi aprovada, a toque de caixa no Senado, ficou acertado que em janeiro deste ano seria criada uma comissão para corrigir possíveis distorções do texto, mas isso até agora não aconteceu. O acordo foi intermediado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo. A tramitação do projeto na Câmara foi marcada por descontentamento e manifestações de associações de praças das Forças Armadas.

Entre as principais reclamações dos militares da reserva está a cobrança de contribuição dos pensionistas. As associações representativas também acusam a lei, sancionada em dezembro por Bolsonaro, de beneficiar generais e outros oficiais com gratificações mais altas, em detrimento dos praças — soldados, cabos, sargentos e suboficiais.

As entidades que organizam os protestos também afirmam que os reajustes do Adicional de Habilitação, também previstos na lei, privilegiam os generais e oficiais. Incorporado ao soldo, o adicional beneficia os militares com mais cursos na carreira. O problema, para os manifestantes, é que somente a partir de 2019, os praças passaram a ter acesso aos cursos que pagam as maiores gratificações.

O grupo de manifestantes é formado por apoiadores do presidente, mas o clima é de decepção. Em entrevista ao Correio Braziliense, uma das organizadoras das manifestações resumiu o sentimento do grupo.

"A gente se sente abandonado, a gente se sente traído, porque nós sempre fomos a base de sustentação de Bolsonaro, desde que ele se candidatou a vereador. Então, a gente ficou decepcionado. A gente continua apoiando o governo, nós queremos que o governo do presidente Bolsonaro dê certo, mas a gente sente que foi deixado para trás. É como se a gente tivesse sido descartado", disse ao jornal Ivone Luzardo.

Outra reclamação do grupo, segundo o portal Uol, é a redução dos valores de adicionais de disponibilidade, ganho pelo fato de o militar ser obrigado a ficar completamente disponível para a força.

O que diz o Ministério da Defesa sobre a queixa dos militares da reserva

Em nota enviada à Gazeta do Povo, o Ministério da Defesa informou que a reforma da Previdência dos militares “reestruturou a carreira militar e dispôs sobre o Sistema de Proteção Social dos Militares, não se tratando, portanto, de reajuste salarial” e foi amplamente discutida, "inclusive com minucioso detalhamento financeiro e audiências públicas, nas duas Casas do Congresso Nacional, contando com a participação ativa do Ministério da Economia".

“Todos os militares, oficiais ou praças, foram tratados de forma absolutamente equivalente, inclusive em termos de adicionais de habilitação e adicionais de compensação por atividade militar, valorizando a experiência e a meritocracia, como fica claro no texto da lei e de seus anexos", afirmou ainda a Defesa.

A pasta refutou ainda a representatividade dos manifestantes, alegando que eles estão ligados a uma minoria e afirmando que "as associações que tem se manifestado, não representam as praças e pensionistas das Forças Armadas, sendo, inclusive, proibidas por lei de terem atuação política".

Leia a nota na íntegra: "A Lei nº 13.954/2019 reestruturou a carreira militar e dispôs sobre o Sistema de Proteção Social dos Militares, não se tratando, portanto, de reajuste salarial. A Lei não beneficiou "principalmente os oficiais”. Todos os militares, oficiais ou praças, foram tratados de forma absolutamente equivalente, inclusive em termos de adicionais de habilitação e adicionais de compensação por atividade militar, valorizando a experiência e a meritocracia, como fica claro no texto da lei e de seus anexos.

O assunto foi tratado com absoluta transparência, por meio do Projeto de Lei nº 1645/2019, que foi amplamente discutido, inclusive com minucioso detalhamento financeiro e audiências públicas, nas duas Casas do Congresso Nacional, contando com a participação ativa do Ministério da Economia. Após ser detalhadamente examinado e debatido nas respectivas comissões, o PL nº 1645/2019 foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Assim, o Presidente da República sancionou a Lei nº 13.954, de 16 de dezembro de 2019.

Ressalta-se, ainda, que as associações que tem se manifestado, não representam as praças e pensionistas das Forças Armadas, sendo, inclusive, proibidas por lei de terem atuação política. A Constituição Federal (Art. 142, Inc IV) e o Estatuto dos Militares (Art. 151) proíbem manifestações e a vinculação do nome das Forças Armadas a associações de caráter reivindicatório.

As ditas associações estão ligadas a uma minoria, que não foi contemplada em sua plenitude com as mudanças advindas da reestruturação da carreira, por não possuírem os todos os requisitos valorizados pelo projeto.

A maioria dos militares, sejam oficiais, sejam praças, foram favorecidos pelas alterações dos percentuais do Adicional de Habilitação – referente aos cursos realizados com aproveitamento pelo militar e pela criação do Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar, que valoriza a disponibilidade permanente e a dedicação exclusiva inerentes à carreira militar.

O Ministério da Defesa entende que não houve distorções no Projeto, à medida que não se tratou de um reajuste salarial, mas de uma reestruturação de carreira, que foi iniciada em 2016 e cujas ideias-forças foram a valorização da meritocracia, da dedicação exclusiva e da disponibilidade permanente, inerentes à carreira militar. Mesmo assim, reitera seu compromisso, assumido à época, de participar das discussões de comissão venha a ser criada no Congresso Nacional sobre o tema. Em suma, o assunto sempre foi e, continuará sendo, tratado com absoluta transparência pelo Ministério da Defesa.”

Atualização

Acrescentada a nota oficial do Ministério da Defesa.

Atualizado em 09/11/2020 às 11:20

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