Ouça este conteúdo
Através do Ministério da Saúde (MS), o governo Lula (PT) teria privilegiado prefeitos e governadores ligados ao PT com verba extra de R$ 1,37 bilhão para financiar ações em hospitais e ambulatórios no ano passado. O levantamento foi divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, nesta segunda-feira (19).
De acordo com os dados consultados na base do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e no Ministério da Saúde, o município do Rio de Janeiro (RJ) lidera o ranking dos repasses com R$ 360 milhões. A capital é seguida dos estados do Maranhão, com R$ 121,4 milhões; Rio Grande do Norte, com R$ 105 milhões; e Pará, com R$ 89,9 milhões.
Já os municípios de Diadema (SP) e Araraquara (SP) receberam, respectivamente, R$ 75 milhões e R$ 59,9 milhões.
Em sétimo lugar na lista dos maiores beneficiários está o município de Cabo Frio (RJ), onde o filho da ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi nomeado como secretário de Cultura em janeiro de 2024, um mês depois de a ministra destinar R$ 55,4 milhões para o município.
Questionada pela imprensa, a ministra Nísia Trindade disse que não teve nada a ver com a nomeação do filho. Procurado pela Gazeta do Povo, à época, o Ministério também negou suposto favorecimento do filho da ministra.
O dinheiro usado nos repasses feito para mais de 60 secretarias de Saúde são resultado da pressão do “Centrão” sobre o governo para a liberação de verba extra para financiar atividades de média e alta complexidade (MAC).
Entre os dez maiores beneficiados pelos repasses está o estado de São Paulo, único da lista que não é governado por um aliado do PT. Ao todo, o estado recebeu R$ 50 milhões, valor menor do que o repasse feito à prefeitura de Hortolândia (SP), que recebeu R$ 50,7 milhões.
Procurado pela Folha, o Ministério disse que os repasses seguiram critérios técnicos e negou favorecimento a aliados do PT.
“A atual gestão se deparou com serviços subfinanciados e políticas de saúde em risco sem a garantia de orçamento necessário em todo país", afirmou a pasta.
O Ministério também informou que só libera os recursos extras quando há pedido aprovado pela comissão que reúne secretários municipais e estaduais.
Além disso, de acordo com a pasta, ainda são avaliados fatores como procedimentos realizados no local, capacidade instalada da rede de serviços, leitos disponíveis e ações sem financiamento federal.