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Fila do INSS

“Ministério da Verdade” de Lula perde na Justiça tentativa de censurar associação de médicos

Previdência Social
Justiça decidiu que Ministério da Previdência pretendia censurar publicações da Associação Nacional de Médicos Peritos sobre fila do INSS. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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O juiz substituto Marcelo Gentil Monteiro, da 1ª Vara da Justiça do Distrito Federal, negou um pedido feito pelo Ministério da Previdência para que a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) retire do ar críticas que têm feito às medidas do governo para zerar a fila do INSS, que considera danosa à Previdência.

A decisão do magistrado se refere a duas ações da pasta comandada pelo ministro Carlos Lupi que buscava, segundo a ANMP, fazer uma espécie de “censura” aos conteúdos publicados. A entidade afirma que o plano de enfrentamento à fila do INSS e o uso do aplicativo Atestmed para encaminhar atestados médicos para análise de benefícios sem perícia podem aumentar o rombo da Previdência.

Uma delas trata de uma sátira publicada no site da entidade que retratava Lupi como um líder de um circo. Já a segunda buscava a remoção de notícias do site da ANMP e proibia a divulgação de novas críticas ao ministro.

Monteiro considerou ilegítimas as alegações do governo e afirmou que a atuação da ANMP está respaldada pela Constituição. O magistrado ressaltou que a entidade possui o direito legítimo de defender os interesses coletivos ou individuais da categoria, permitindo críticas às políticas públicas que considera prejudiciais.

“Representaria, portanto, a imposição de censura prévia”, disse o juiz afirmando, ainda, que a alegação de que a entidade estaria ofendendo a “honra subjetiva de agentes públicos e objetiva da União” não se justifica nestes casos.

A sátira citada no processo mostra uma tenda de circo com a logomarca da Previdência Social e os dizeres “O grande circo de Carlos Lupi”, acompanhados de dois placares que mostram uma contagem regressiva para zerar a fila prometida pelo ministro e o tamanho atual dela. Até esta sexta (24), o placar apontava 39 dias para cumprir a promessa e 1,6 milhão de pessoas na fila, mencionando dados do Portal da Transparência.

O magistrado enfatizou que a ação do governo contra a ANMP visava silenciar a entidade, e que não havia visto algo semelhante antes. “Tal atuação é albergada pelo do direito de defesa dos interesses coletivos ou individuais da categoria”, disse.

“Registro que não desconheço o entendimento do STF no sentido de que ‘uma vez desvirtuado criminosamente o exercício da liberdade de expressão, a Constituição Federal e a legislação autorizam medidas repressivas civis e penais, tanto de natureza cautelar quanto definitivas’. Sequer se alega no presente caso, contudo, o desvirtuamento criminoso da liberdade de expressão”, escreveu Marcelo Gentil Monteiro.

O Ministério da Previdência foi procurado pela Gazeta do Povo para se pronunciar sobre a decisão do magistrado, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.

O presidente da associação, Luiz Carlos Argolo, afirmou que as duas medidas adotadas pelo governo podem estar “aprofundando o rombo da Previdência”, pois faz um “liberou geral” da concessão de benefícios com vista à eleição municipal de 2024. “Uma coisa partidária, eleitoral”, afirmou.

Para ele, o atestado médico apresentado no aplicativo para encaminhar a análise do benefício “pode ser apresentado inúmeras vezes”, sem ter um controle efetivo da necessidade de afastamento do segurado.

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