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O Ministério dos Povos Indígenas gastou cerca de R$ 76.234,94 para pagar diárias e passagens a um amigo pessoal da ministra Sonia Guajajara. A informação foi divulgada pelo Metrópoles, e confirmada pela Gazeta do Povo no Portal da Transparência.
O valor gasto pelo Ministério corresponde a 24 viagens, que totalizaram 66 dias, desde fevereiro de 2023.
O amigo da ministra é Hone Riquison Pereira Sobrinho, mais conhecido como Hony Sobrinho, de 27 anos, ex-chefe de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Apesar de não ser servidor público, ele participa das agendas como se fosse assessor ou “braço-direito” da ministra.
Nas viagens, ele foi incluído como “colaborador eventual”, uma categoria prevista na administração pública, destinada a pessoas sem vínculo com o governo, mas com “capacidade técnica específica” para a “execução de determinada atividade sob permanente fiscalização”.
Ao Metrópoles, o Ministério informou que a colaboração eventual é um mecanismo legal para a execução de determinada atividade sem vínculo empregatício.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério dos Povos Indígenas para saber mais informações sobre as viagens de Hony e os gastos, mas ainda não teve retorno, por isso o espaço segue aberto para atualização.
Viagens
Uma das primeiras viagens de Hony integrando a equipe do Ministério foi para a reunião do comitê do Fundo Amazônia, no Rio de Janeiro. Na época, foram desembolsados R$ 5.017,38 com diárias e passagens.
Já o gasto mais recente ocorreu no mês passado, para uma viagem ao Pará, no valor de R$ 167,50.
De acordo com o Ministério, todas as viagens de Hony com a ministra foram para acompanhar conflitos agrários, verificar a situação de territórios indígenas ou para acompanhar a crise humanitária em território Yanomami. E em algumas das viagens, ele aparece na lista de passageiros como “assessor do MPI”.
Em resposta ao Metrópoles, Hony negou que se apresenta como servidor em reuniões e eventos do ministério, e disse que atua como um consultor por trabalhar com movimento indígena há muitos anos.
“Vira assessor porque a gente tem um trabalho de contribuição com o ministério, mas não chega a ser um braço-direito. Isso é fofoca, certamente”, afirmou.
Em relação a amizade com a ministra dos Povos Indígenas, Hony disse que conhece Guajajara “há muito tempo” e por isso colabora com consultorias. Porém, ele negou tomar decisões por ela ou participar de decisões políticas. “Eu faço as tarefas, conforme são orientadas, de ir nas comunidades com ela, ou com outras pessoas do ministério”, disse.