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Orçamento apertado

Quase todos os ministérios de Bolsonaro terão menos dinheiro em 2020

Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Previsão orçamentária para 2020 reduz os recursos disponíveis para gastos livres em todos os ministérios e órgãos federais. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Se a conta está apertada neste ano, em 2020 tende a ser pior. O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) apresentado na última sexta-feira (30) pelo governo federal, que prevê o menor gasto com despesas discricionárias da série histórica do Tesouro (as verbas utilizadas para investimentos e custeio da máquina), reduz os recursos disponíveis para esses gastos livres em praticamente todos os ministérios e órgãos federais.

Apenas um ministério do governo Jair Bolsonaro terá mais recursos disponíveis que o previsto no orçamento deste ano – e, mesmo assim, por ter incorporado as contas de uma estatal que antes era tida como independente. Sete terão menos dinheiro até mesmo que o valor liberado em 2019 depois do contingenciamento de 25% nos gastos discricionários promovido pela União.

Alguns ministérios e autarquias chegam no último quadrimestre do ano já sem recursos disponíveis para custeio e novos investimentos. E se depender da previsão orçamentária enviada para o Congresso, em 2020 os recursos podem acabar ainda antes. O Ministério da Infraestrutura, por exemplo, terá, no ano que vem, R$ 2 bilhões a menos que o que lhe foi autorizado este ano, mesmo depois de já sofrer um contingenciamento de mais de R$ 800 milhões. Dos R$ 9,16 bilhões aprovados no orçamento deste ano, a pasta teve liberados R$ 8,32 bilhões após os bloqueios. O orçamento do ano que vem prevê “apenas” R$ 6,37 bilhões em despesas discricionais.

Outra pasta a perder mais de R$ 1 bilhão é a do Desenvolvimento Regional. Depois de ter R$ 7,57 bilhões autorizados este ano (após um bloqueio de R$ 2,4 bilhão), o ministério que reúne as antigas pastas de Cidades e Desenvolvimento Regional e toca programas como o Minha Casa, Minha Vida, terá disponível R$ 6,55 bilhões para o ano que vem. Esse montante é quase a metade dos R$ 11,96 bilhões que as duas antigas pastas executaram em 2018, por exemplo.

Em comparação com 2018, inclusive, apenas os ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Ciência e Tecnologia terão verba para despesas discricionais superiores. Ciência e Tecnologia é, também a única pasta com previsão de recursos superior ao aprovado na LOA deste ano. Mas isso se deve ao fato de a inclusão da Telebras (antes uma estatal independente) ter suas contas incorporadas à do Ministério. O orçamento livre da pasta, que foi de R$ 3,6 bilhões em 2018 e R$ 3 bilhões neste ano (após o corte de R$ 500 milhões), será em 2020, de R$ 3,7 bilhões.

Saúde, educação e meio ambiente

Áreas prioritárias do governo, os ministérios da Saúde e da Educação também sofreram cortes importantes. Na saúde, onde foram aplicados R$ 22,5 bilhões no ano passado, o projeto prevê gastos de R$ 18,2 bilhões para 2020. O orçamento deste ano previa R$ 18,5 para saúde, e teve que ser incrementado em mais R$ 568 milhões. Na educação, os gastos discricionários previstos para 2020 (R$ 21, 2 bilhões) são superiores aos R$ 18,6 bilhões liberados este ano. Mas isso porque a pasta foi a que sofreu o maior contingenciamento (R$ 4,7 bilhões) do orçamento previsto de R$ 23,3 bilhões.

Em evidência por conta dos focos de incêndio na Amazônia, o Ministério do Meio Ambiente também terá que diminuir suas ações no ano que vem. A pasta, que teve R$ 633 milhões liberados este ano, contará com R$ 561 milhões em 2020.

Os ministérios de Minas e Energia; Mulher, Família e Direitos Humanos; e Turismo, também terão autorização de despesas inferiores ao que podem gastar neste ano mesmo após o contingenciamento.



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