O ministro Renan Filho, dos Transportes, criticou a reserva recorde de R$ 48 bilhões que os parlamentares aprovaram no Orçamento deste ano para o cumprimento de emendas, e que se tornou uma queda de braço entre aliados do governo e o Congresso. O montante levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a vetar R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão, que aprofundou a crise entre o Executivo e o Legislativo.
Renan Filho afirma que não é contra a destinação de emendas pelos parlamentares, e que eles têm um papel relevante de garantir a chegada de recursos que o governo federal não consegue chegar. No entanto, apontou que o volume precisa ser regulado, com um limite para não afetar os investimentos da União.
“O ideal é que o Parlamento soubesse quanto ele vai ter em proporção ao gasto discricionário e que Executivo e Legislativo trabalhassem juntos para ampliá-lo. O que tem acontecido é o gasto não discricionário [obrigatório] crescendo anualmente e comprimindo os outros gastos. E, agora, adicionalmente, as emendas estão crescendo e comprimindo ainda mais o gasto do Executivo”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quarta (31).
Para resolver a questão, Renan Filho sugeriu uma legislação que determinasse uma proporção fixa entre os gastos discricionários indicados pelo Congresso e os destinados pelo Executivo. Na proposta, que ainda não há qualquer sinalização de ser encaminhada, o Congresso indicaria 30% e o Executivo o restante (70%). Isso, diz, evitaria a disputa anual sobre o tamanho das emendas.
O ministro argumentou que a atual expansão descontrolada das emendas parlamentares prejudica a previsibilidade orçamentária do país, ressaltando que, há quatro anos, o montante era de aproximadamente R$ 15 bilhões, contrastando com os atuais R$ 50 bilhões.
“Está virando uma disputa autofágica em que não haverá vitoriosos”, pontuou.
Sobre o veto do presidente Lula de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão, Renan Filho destacou que o presidente expressou a intenção de dialogar com o Congresso. Questionado se esse impasse afetaria a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, o ministro afirmou sem contra qualquer alteração.
Renan Filho enfatizou a importância de perseguir a meta fiscal, mesmo que o déficit não alcance zero, desde que seja decrescente em relação a 2023, considerando isso como uma sinalização importante para a confiança do mercado financeiro na gestão das contas do país.
“A área de investimento do governo tem divergências. A minha posição pessoal é que, para o Brasil, o melhor é investir o máximo possível dentro do ambiente da sustentação fiscal proposto pelo ministro [Fernando] Haddad [da Fazenda]. Não acredito que investir mais do que o país pode investir com sustentabilidade fiscal vá resolver o problema da economia”, completou.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião