O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, negou qualquer intenção do governo em interromper o uso da Coronavac no país. Em reunião da Comissão Temporária Covid-19 (CTCOVID) do Senado, nesta segunda-feira (21), ele refutou que a pasta estude retirar o imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A notícia de que a Saúde encerraria o uso da Coronavac foi informada pelo jornal Correio Braziliense no fim de semana. Segundo a reportagem, estaria em estudo reforçar aquisições das vacinas AstraZeneca e Pfizer, e distribuir pelo PNI apenas as 100 milhões de doses contratadas da Coronavac. Ou seja, não firmar um novo contrato.
"Não há nenhum tipo de mudança de estratégia do Ministério da Saúde em relação a esse imunizante. Temos tratado de maneira muito fluida com o dr. Dimas Covas [diretor do Instituto Butantan], fizemos reuniões com o embaixador da China", explicou Queiroga.
Por que o Ministério da Saúde estaria cogitando não firmar novo contrato
O governo estaria preocupado com a eficácia geral da Coronavac, sobretudo a taxa de eficiência em idosos, segundo o jornal Correio Braziliense. Estudos apontam uma eficácia global de 50,38% do imunizante, que pode chegar a 100% para evitar internações e mortes.
A vacina Coronavac produzida no Brasil previne até 97% das mortes de pessoas infectadas pela Covid-19 nos casos graves da doença. Os números são apontados pelo secretário de Serviços Integrados de Saúde do Supremo Tribunal Federal (STF), Wanderson de Oliveira, ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
O que mais teria preocupado Queiroga, contudo, é o estudo Vaccine Effectiveness in Brazil Against Covid-19, que apontou uma eficácia geral em torno de 28% para a população com mais de 80 anos. Esse teria sido o posicionamento decisivo para que o governo estudasse não comprar mais doses da Coronavac.
Na reunião Comissão Temporária Covid-19, Queiroga tranquilizou senadores e disse que "essa vacina tem sido muito útil". "Essa é a posição oficial do Ministério da Saúde até que exista algum dado científico que faça com que tenhamos uma posição diversa", declarou o ministro da Saúde.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que "não confirma a informação [de que não haverá mais contratações da Coronavac] e esclarece que mantém o cronograma atualizado semanalmente pela pasta".
Queiroga já citou "dúvidas" sobre eficácia da Coronavac antes
Em outro momento, contudo, Queiroga colocou em dúvidas a eficácia sobre a Coronavac. Em depoimento na CPI da Covid, o ministro da Saúde disse que ainda pairavam "dúvidas" sobre a efetividade do imunizante.
"Sobre a vacina Coronavac pairam ainda dúvidas, que para mim não devem se confirmar, acerca da sua efetividade", disse. O ministro falou em um contexto que respondia sobre o total de vacinas que o Brasil terá para o próximo ano e por que não havia exercido o direito de comprar 30 milhões de doses adicionais da Coronavac.
O ministro da Saúde explicou que o próprio Instituto Butantan dá preferências para a vacina Butanvac, desenvolvida em âmbito nacional. "Eu tratei com o doutor Dimas Covas, inclusive, coloquei essas duas opções para ele, e ele sinalizou com uma preferência para a Butanvac, até porque a Butanvac é uma vacina que não necessita nem do banco de células", disse naquele dia.
Queiroga reforçou nesta segunda-feira ter um bom relacionamento com Covas e a Embaixada da China no Brasil. E ressaltou que a Butanvac não tem ainda o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Isso não se deve a nenhum tipo de ação do ministério", explicou.
Ao site UOL, Covas disse não ter sido notificado de qualquer decisão relacionada ao abandono da vacina Coronavac pelo Ministério da Saúde. "Isso é parte de um ataque combinado contra a vacina por parte dos negacionistas", disse.
O que outros estudos apontam sobre a Coronavac
A Coronavac vem sendo alvo de diferentes estudos no Brasil e no mundo, com resultados satisfatórios na maioria. Os primeiros resultados de um estudo que vacinou 95% da população acima de 18 anos na cidade de Serrana (SP) mostrou que, ao atingir 75% da cobertura vacinal, a pandemia foi considerada controlada no município.
O estudo, feito com 27.160 pessoas, mostrou que houve redução de 80% dos casos sintomáticos da doença e de 86% nas hospitalizações por Covid-19, bem como uma queda de 95% nas mortes, mesmo quando São Paulo enfrentava picos de infecção da doença.
No Uruguai, a Coronavac foi capaz de reduzir em 97% a mortalidade por Covid-19, segundo estudo preliminar feito pelo Ministério da Saúde daquele país e divulgado. Os dados mostram ainda que o imunizante da Pfizer também teve alta proteção contra as mortes, ainda que em patamar inferior ao da Coronavac, de 80%.
No Chile, o Ministério da Saúde daquele país atualizou os dados de um estudo sobre a Coronavac e identificou uma eficácia de 86% para prevenir morte, não 80%, como divulgado anteriormente. O estudo foi feito com 10 milhões de pessoas entre 2 de fevereiro e 1º de maio. A eficácia na prevenção de casos sintomáticos é de 65,3%. Na prevenção de hospitalizações, é de 87%.
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