Por meio de dezenas de convênios assinados nos últimos dois meses do ano passado, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT), direcionou cerca de R$ 321 milhões para prefeitos aliados do seu grupo político no Amapá, estado que governou por quatro mandatos. O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (14) pelo jornal O Estado de São Paulo (Estadão).
De acordo com o levantamento, Waldez Góes fechou 46 contratos com nove prefeituras, dentre as quais apenas duas não são comandadas por aliados seus e do senador Davi Alcolumbre (União-AP), padrinho político de Góes. O estado tem apenas 16 municípios e 11 são chefiados por políticos próximos a Alcolumbre.
Os recursos deverão custear obras conhecidas pelo potencial de retorno político, como pavimentação de estradas, compra de maquinário agrícola, investimento em startups e construção de galpões, pontes, mercados e feiras populares.
Até o momento, apenas as prefeituras de Macapá, Tartarugalzinho e Calçoene receberam os repasses, que correspondem a R$ 11,2 milhões do total.
Segundo a previsão do Ministério, a prefeitura que mais receberá recursos é a de Pedra Branca do Amapari, comandada pela prefeita Beth Pelaes, do mesmo partido de Alcolumbre. Pelaes aguarda o repasse de R$ 19 milhões para custear três obras de pavimentação de estradas.
Procurado pelo Estadão, Alcolumbre disse que a liberação do recurso “é uma demonstração de que o senador se empenha em favor do estado que o elegeu”. O senador, porém, não respondeu sobre um eventual direcionamento dos recursos apenas para prefeitos aliados.
Já a pasta comandada por Waldez Góes disse que o Ministério informou que foram seguidos “critérios técnicos antes da liberação de recursos”.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério e aguarda retorno.
Apesar do favorecimento do seu reduto político, Góes direcionou recursos para outros estados, a exemplos do Piauí e Minas Gerais, contemplados, respectivamente, com R$ 863 milhões e R$ 468 milhões. Até o momento, o Piauí recebeu apenas R$ 2 milhões do total previsto e Minas Gerais, R$ 60 milhões.
Os convênios são fechados pelo Ministério mediante pequena contrapartida do gestor público que deseja obter os repasses que, por sua vez, são pré-aprovados em negociações políticas.
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