Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) ao lado do presidente Lula (PT) durante cerimônia de posse no Ministério dos Portos e Aeroportos, em setembro de 2023.| Foto: Ricardo Stuckert / PR
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O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, negou que parentes tenham se utilizado da estrutura do seu gabinete, enquanto exercia mandato parlamentar, para abastecer veículos particulares com verba da Câmara dos Deputados.

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Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) se licenciou do mandato de deputado federal em setembro do ano passado para substituir o ex-ministro Márcio França (PSB/SP). A mudança se deu como resultado da articulação do presidente Lula (PT) para aumentar a base de apoio ao governo.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, desta quinta-feira (11), notas fiscais mostram que o gabinete do então deputado gastou recursos públicos da cota parlamentar para abastecimento de veículos da mulher, do pai, do irmão e da cunhada de Costa Filho. Os gastos foram registrados entre abril de 2022 e agosto de 2023.

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Segundo as notas fiscais analisadas pelo jornal, a maior parte dos valores foi destinada a um único posto de combustíveis localizado no bairro Casa Amarela, na região norte do Recife, capital de Pernambuco.

A compra de combustíveis e lubrificantes para veículos usados por parlamentares em seu reduto eleitoral está prevista no regimento interno da Câmara. O parlamentar paga do próprio bolso e depois pede reembolso mediante apresentação das notas fiscais.

No período citado pelo jornal O Globo, o gabinete de Costa Filho informou ter abastecido 48 veículos no mesmo posto. Entre as placas informadas nas notas fiscais, constam placas registradas em nome da esposa do ministro, Cristiana Bezerra; do irmão, o advogado Carlos Antônio da Costa; do pai, o ex-deputado federal Silvio Serafim Costa; e da cunhada, Hildiany Kelly.

Ao todo, foram gastos R$ 105,1 mil reais com os abastecimentos dos 48 veículos, correspondentes a 10,8 mil litros de gasolina, 6,7 mil litros de diesel e 793,9 litros de etanol.

Até janeiro de 2023, o limite estabelecido pela Câmara para esse tipo de gasto era de R$ 6 mil por mês. O gabinete do ministro gastou o teto. Atualmente, o valor mensal para esse tipo de gasto é de R$ 9,3 mil.

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A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério dos Portos e Aeroportos para saber qual o posicionamento da pasta em relação ao caso e aguarda retorno.

Ao jornal O Globo, o ministro negou as irregularidades e responsabilizou o posto por suposto erro contábil.

“Eles (posto) falharam do ponto de vista contábil. Nós fizemos o dever de casa: prestamos contas e houve aprovação da Câmara. Em momento nenhum, fizemos abastecimento em carros com placas de familiares. Na minha cabeça, estava tudo ok. A assessoria nunca parou para adentrar nota por nota. Não é uma coisa pertinente ao gabinete. Acho que não acontece em nenhum gabinete de deputado, de avaliar placa por placa”, disse Costa Filho.

Em nota, a Câmara dos Deputados informou que a responsabilidade pelas notas fiscais é dos parlamentares. A assessoria da Casa legislativa disse ainda que cabe à Câmara verificar somente “os gastos apenas quanto à regularidade fiscal e contábil da documentação comprobatória”.

Já o dono do posto informou ao jornal O Globo que o gabinete de Costa Filho deixava especificado os veículos que poderiam abastecer na cota do parlamentar. Cada abastecimento gerava uma nota e, no fim de cada mês, o posto enviava um compilado com o valor de todas as notas fiscais.

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“O gabinete tem uma cota de veículos. E tem outros veículos do grupo político que abastecem. A assessoria dele (Silvio Costa Filho) passa uma autorização. Vou ver o que houve na separação do que era veículo oficial e o que não era”, disse o dono do posto.

Em novo contato com a reportagem, o dono do posto afirmou que “cometeu um equívoco contábil ao inserir veículos de familiares e outras placas na cota de combustível da Câmara”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]