O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que o Brasil gastou "uma fortuna" com campanhas para promover a vacinação contra a Covid-19. A declaração foi dada em resposta ao questionamento sobre o fato de, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a cobertura vacinal na população adulta estar estagnada no país.
"Por que a Fiocruz não faz essa campanha de vacinação? Eu mando dinheiro pra burro para ela", disse Queiroga.
O ministro afirmou que o país gastou cerca de R$ 400 milhões na comunicação para promoção das vacinas e reclamou de eventuais pedidos por mais campanhas feitos, segundo ele, por clínicas de vacinação privada, que agora passarão a oferecer os imunizantes.
"O ministério faz campanhas. Quem é que está pedindo pra fazer? Clínica de vacinação privada. Querem que eu faça campanha para ganharem dinheiro vendendo vacinas? Por que não fazem", disse.
Queiroga foi ainda questionado sobre pedidos que estariam sendo feitos por secretários da Saúde para novas campanhas de imunização. "Só fazem pedir. O que eles têm que fazer é executar a política pública na ponta. Porque dinheiro na ponta para eles foi em quantidade suficiente, e boa parte deles fizeram mau uso do recurso público.", respondeu.
Ministro defende Bolsonaro
Na mesma entrevista, Marcelo Queiroga foi questionado sobre algumas falas do presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação às vacinas.
Pergunto se as declarações poderiam ter desestimulado a população a tomar os imunizantes, o ministro afirmou que é o maior defensor do presidente na área da Saúde e que, ao mesmo tempo, é o maior defensor da vacina.
"Não cabe a mim julgar as falas do presidente. Nem fazer conjecturas sobre se as pessoas quiseram ou não tomar a vacina. (...) E sou o maior defensor da vacina. E o presidente nunca disse que eu não fizesse isso. Apenas disse: 'Queiroga, não vamos forçar as pessoas a tomarem a vacina’. E eu concordo com ele. Não vamos forçar, vamos chamar a se vacinar. ", destacou.
Como será a vacinação contra a Covid-19 em 2023?
Marcelo Queiroga destacou que ainda não é possível afirmar como será a campanha de vacinação contra a Covid-19 no ano que vem, mas sinalizou que mudanças podem acontecer, a depender do cenário epidemiológico.
"Com a vacina da Covid, a orientação foi vacinar em massa, de 5 anos até os mais idosos. Gastamos R$ 38 bilhões. Valeu a pena? Valeu. Mas em um cenário onde tivermos média de óbitos baixa, doença sazonal, será que é necessário esse mesmo valor? Não posso responder isso agora. Nem eu sei, ninguém sabe", declarou.
O ministro não quis afirmar, mas citou que, a depender do cenário, a vacinação pode ficar mais restrita a alguns grupos. "Se tudo se mantiver como agora e não surgir uma vacina nova, pode ser que a gente circunscreva. Idosos, profissionais de saúde, pessoas com comorbidades. É possível. Não digo que é isso", afirmou.
Queiroga ainda destacou que a tendência é uma priorização em 2023 dos imunizantes da AstraZeneca, produzidos no Brasil pela Fiocruz, depois do investimento de R$ 1,9 bilhão para transferência de tecnologia.
"Tenho Astrazeneca e consigo vacina a menos de US$ 4 a dose. Essa é a principal vacina. Foi a aposta que o governo fez. Em quem não usamos Astrazeneca? Em gestantes, pessoas com maior risco de eventos trombóticos, crianças", disse o ministro, complementando que a tendência para 2023 seria aplicar esse imunizante como prioridade e, para os públicos que não podem receber a dose deste laboratório, a opção seria a vacina da Pfizer.
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