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O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, determinou aos servidores tenham “responsabilidade com qualquer declaração, qualquer atitude” que pode soar contra as posições do governo sobre a guerra entre Israel e o Hamas.
O recado foi dado no final da tarde desta quarta (18) após a demissão de Hélio Doyle, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por ter compartilhado nas redes sociais uma postagem que chamava os apoiadores de Israel de “idiotas”. “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”, dizia a mensagem republicada por ele.
Pimenta não comentou especificamente a publicação de Doyle, mas cobrou responsabilidade de todo servidor que ocupa função de chefia no governo.
“Porque quem acaba respondendo por ela é o governo como um todo. Nesse caso específico, a partir do momento que o presidente manifesta uma posição e essa posição tem como princípios o Brasil, à frente do Conselho de Segurança da ONU, trabalhar pela promoção da paz e a garantia da repatriação de todos os brasileiros e brasileiras que se encontram na área, da zona de conflito, essa orientação deve ser observada por todo mundo sem exceção”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quinta (19).
Apesar do tom de enquadramento dos servidores sobre postagens nas redes sociais, Pimenta diz que “não existe nenhuma orientação nesse sentido [de proibir manifestações], e sim uma “recomendação de bom senso”.
“No momento em que o presidente da República tem um posicionamento público sobre o assunto, esse posicionamento passa a ser o posicionamento do governo e dos seus principais porta-vozes, que são os ministros e o primeiro escalão do governo”, completou.
Para o ministro, é preciso fazer uma diferenciação entre uma opinião e o que ele chama de “achincalhamento, deboche, agressão gratuita que não está em sintonia com a conduta com que o presidente espera de cada um de nós”.
Pimenta enfatizou a necessidade de adotar uma postura de respeito, promoção da paz e diálogo com todos os atores envolvidos no cenário de guerra, bem como garantir a segurança das famílias brasileiras na região. O conflito entre Israel e Hamas entrou no 13º dia com 5,1 mil mortes entre israelenses, palestinos e estrangeiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou prontamente os ataques contra Israel, classificando-os como “ataques terroristas”, mas não fez menção ao grupo terrorista Hamas. O Brasil reconhece como terroristas apenas os grupos designados como tal pelo Conselho de Segurança da ONU, o que não se aplica ao Hamas.