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O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, foi às redes sociais neste domingo (29) para fazer sua previsão sobre a eventual prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2025.
Em vídeo publicado no Instagram, o ministro, que disse ter “certeza” de que o ex-presidente estará atrás das grades no próximo ano, questionou: “Em que mês de 2025 Bolsonaro será preso? Essa é a grande dúvida que eu tenho e a dúvida que o Brasil tem. Que ele vai ser preso a gente não tem dúvida.”
Bolsonaro é investigado em cinco inquéritos do Supremo Tribunal Federal, entre eles por golpe de Estado. No início de dezembro, o ex-ministro da Defesa, general Braga Neto, foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Outras 35 pessoas foram indicadas pela PF no mesmo inquérito.
Pimenta apostou que a prisão ocorrerá no mês de setembro. “Seria uma boa previsão Bolsonaro passar 7 de setembro na cadeia”, afirmou. E justificou: “Setembro porque vai ter que tramitar no Senado, aliás, vai ter trambiques sendo julgados juntos. E aí então vai a julgamento, vai ter recurso para embargos. E aí tem a sentença definitiva, eu calculo setembro.”
O ministro ressaltou ainda que o presidente será denunciado em outros processos. “Tô (sic) falando do processo de 8 de janeiro, mas o Bolsonaro responde a uma série de outros processos, de pessoas muitos militares, e militares de alta patente, assessores próximos que estiveram envolvidos nas ações criminosas. E que serão todos julgados durante esse próximo período né?”, prosseguiu. “Tem gente querendo em 8 de janeiro, mas não dá tempo. A menos que ele cometa outros crimes.”
Alvo de críticas pelo mau desempenho da comunicação do governo, Pimenta é apontado como o primeiro a sair na revisão ministerial que o presidente Lula pretende fazer. O publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro responsável pela campanha de Lula nas eleições de 2022, é o mais cotado para o cargo.
Ministro foi criticado por atuação no RS
Escalado por Lula para atuar como autoridade federal na reconstrução do Rio Grande do Sul, seu nome foi questionado devido à sua possível candidatura ao governo do estado em 2026 e a ameaça de politização das ações emergenciais e de reconstrução.
Um dos aspectos mais criticados ainda é a lentidão no repasse de recursos para a reconstrução do estado. Pimenta atribuiu o atraso da liberação às dificuldades com bancos, falta de mão de obra e exigências excessivas de laudos e pareceres.
No vídeo do Instagram deste domingo, ele voltou a defender sua atuação e atribuiu as críticas à desinformação. “Sabe o que mais me incomoda?”, perguntou o ministro. “É que na hora de vim pedir o recurso, mesmo os prefeitos da região me procuravam quase que diariamente pedindo para que eu acompanhasse a aprovação do pedido do plano de trabalho, na Defesa Civil... Aí a gente aprova o plano de trabalho, agiliza, libera o recurso. Mas como eles mentem muito para a comunidade, como eles mentem que o governo federal não apoiou, que o governo federal não tinha cumprido aquilo que prometeu na hora da inauguração, ele precisa mentir para as pessoas.”
Em maio, durante a resposta às enchentes, Pimenta se envolveu em uma controvérsia sobre o tema, depois que um diálogo seu com o prefeito de Farroupilha foi gravado e publicado nas redes sociais. O prefeito da cidade, Fabiano Feltrin (PP), havia reclamado nas redes que os recursos do governo federal não estavam chegando aos municípios gaúchos para auxiliar no socorro aos desabrigados.
O ministro ligou para ele para esclarecer o assunto e, durante a conversa, o prefeito questiona se Pimenta “está ligando para me xingar ou para ajudar?”. Feltrin compartilhou o vídeo da ligação nas redes sociais, com a legenda “Prefeito sendo intimidado pelo ministro Pimenta”.
Paulo Pimenta, por sua vez, acusou Feltrin de fazer o vídeo para “tentar lacrar na internet” e d"criar um factoide. Ele divulgou a íntegra da conversa.
Pimenta já compartilhou "conspiração"
Escolhido para a Secom por ser jornalista e também o cacique do PT mais atuante nas redes sociais, Paulo Pimenta, de 58 anos, assumiu o cargo prometendo combater as fake News.
Após instituir uma Coordenação-Geral de Liberdade de Expressão e Enfrentamento à Desinformação, a imprensa tratou de lembrar que o ministro compartilhou em seus perfis uma das teorias da conspiração mais absurdas da política nacional: a de que o ex-presidente Jair Bolsonaro forjou o ataque com faca sofrido em 2018, um mês antes das eleições.
Pimenta chegou a postar em sua conta do Facebook a íntegra do documentário ‘Bolsonaro e Adélio, uma Facada no Coração do Brasil’, produzido em 2021 pelo site esquerdista Brasil 247. Dirigido pelo jornalista Joaquim de Carvalho, o filme insinua que o atentado foi armado para evitar a participação do então candidato nos debates da televisão.
Paulo Pimenta protagonizou outros ruídos e gafes em anúncios do governo. Um episódio muito criticado foi sua tentativa de desqualificar a apresentadora da CNN Brasil Raquel Landim. O ministro se irritou com uma pergunta feita por Raquel e rebateu, ao vivo: “Você é jornalista?”.
O assunto da conversa era o plano do PCC, investigado pela Polícia Federal, para sequestrar e matar o senador Sergio Moro (União-PR). Na época, Lula chegou a dizer que o caso, na verdade, poderia ser “mais uma armação do Moro”.
Ministro se envolveu com "mensalão"
Outro episódio emblemático de sua trajetória ocorreu em 2005, quando Pimenta, então deputado federal, teve de renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do Mensalão após ter se encontrado, em segredo, com o publicitário Marcos Valério – operador do esquema.
Com a intenção de obter informações para a comissão, ele entrou no carro de Valério, de madrugada, na garagem do Congresso, e voltou de lá com uma relação de políticos do PSDB e do PFL supostamente envolvidos no escândalo. As câmeras do sistema de segurança acabaram entregando a falta de ética do parlamentar gaúcho, que pediu desculpas pelo erro constrangedor e abandonou seu posto na CPI.