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Governo

Ministro diz que Lula deixou de ser da esquerda e que Bolsonaro “nunca foi” liberal

Renan Filho
Renan Filho voltou a atacar o ex-presidente afirmando que terminará mandato com mais investimentos em infraestrutura. (Foto: reprodução/Canal Gov)

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O ministro Renan Filho (MDB-AL), dos Transportes, diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou de ser da esquerda e se tornou “o maior líder de centro do país”, e que seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), “nunca foi” liberal. Para o aliado, que constantemente critica o ex-presidente, Bolsonaro também não foi eficiente e “não atraiu capital privado” quando ocupou a presidência da República.

A percepção quanto a Lula, inclusive, já teria sido assimilada até mesmo pela própria presidência do PT, de acordo com ele.

“O fato é que o presidente Lula é o maior líder de centro do país. Muito antes do centro vencer as eleições municipais, PP, União, PSD, Republicanos já estavam no governo. Agora, é importante colocar para as pessoas compararem, porque é muito fácil dizer que Bolsonaro é liberal. Nunca foi”, disse o ministro em entrevista à Folha de S. Paulo publicada neste final de semana.

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A [nova] crítica a Bolsonaro se refere ao desejo de Renan Filho de realizar 35 leilões de rodovias até o final do ano, em que se diz mais eficiente que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) quando ocupava o cargo de ministro da Infraestrutura do ex-presidente.

“[Bolsonaro] não foi eficiente, não fez concessão, não atraiu capital privado. Com Lula, teremos o domínio do capital privado em rodovias e ferrovias, uma inversão histórica”, pontuou afirmando que pretende destravar investimentos de R$ 190 bilhões até o final deste governo.

Renan Filho atacou Bolsonaro por, pelo menos, duas semanas seguidas em meados de agosto após o ex-presidente dizer que o Nordeste deveria ser a melhor região do Brasil pela propaganda que o PT faz de suas gestões, mas que “é a pior”.

Ainda de acordo com o ministro, a percepção de que Lula é de esquerda se mantém apenas entre os eleitores e aliados de Bolsonaro, já que nem mesmo os adeptos do petismo acham mais isso.

“Só na bolha [de Bolsonaro] ele é de esquerda. Nem a bolha do Lula acha isso. Porque, para o PT, o presidente não é de esquerda”, pontuou.

Para Renan Filho, o próprio PT também vê um posicionamento mais ao centro do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que está tentando colocar em prática um pacote de corte de gastos que atinge até mesmo benefícios sociais, alvo de duras críticas do partido e aliados.

Haddad, diz, tem “alguns problemas com a extrema esquerda, mas também com a extrema direita”. “Se ele não tivesse [problemas] com os extremos, seria com o centro. E é melhor que seja com os extremos”, emendou.

“Acho que o presidente acerta. No fundo, ele é um pragmático, faz na economia o que precisa ser feito”, completou ressaltando que já está havendo um ajuste fiscal no país e que as despesas serão revistas.

O ministro, no entanto, lembrou que o corte não pode ocorrer apenas nos benefícios, mas que “é importante dar uma olhadinha no andar de cima. Temos R$ 500 bilhões em incentivos fiscais”.

Ele sugere, por exemplo, cortar 10% de todos os incentivos fiscais concedidos pelo governo, e diz que funcionou no estado de Alagoas quando ele foi governador. No entanto, ele vê dificuldades na relação com o Congresso, que é resistente em abrir mão ou reduzir as emendas parlamentares, que também estão sendo alvos de Lula no pacote de corte de gastos.

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Para ele, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro “infantilizou” a presidência da República. Esta, também, é uma crítica constante de Lula e aliados, que dizem que se está tentando recuperar o orçamento que teria sido sequestrado pelo Congresso para garantir a governabilidade anterior.

“As emendas cresceram muito ao longo dos últimos anos porque o governo anterior infantilizou a presidência da República. Como não há vácuo de poder, ele foi ocupado e o orçamento migrou em parcela significativa para o parlamento”, disparou.

O próprio Renan Filho confirmou que a pasta dos Transportes pode ter corte de recursos entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão – que podem atingir diretamente o Novo PAC, que tem muitas obras de infraestrutura previstas. “Acho que ainda tem espaço para, de alguma maneira, recuperar”, completou.

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