O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e a esposa, a conselheira Rejane Dias, do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), são suspeitos de envolvimento em um esquema milionário de corrupção envolvendo recursos da Secretaria de Educação do estado. A investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal estima que os desvios cheguem a R$ 120 milhões.
Segundo uma reportagem da revista Veja publicada nesta sexta (2), e que teve o teor confirmado à Gazeta do Povo pelo MPF-PI, o esquema envolveria ainda a filha do ministro e o cunhado. O processo corre em segredo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), informou a promotoria.
A reportagem entrou em contato com o ministro através da assessoria de imprensa do ministério e aguarda resposta. Rejane também foi procurada, mas os telefones do TCE-PI não atenderam às ligações.
De acordo com o MPF, o esquema teria começado em 2008 quando o então governador Wellington Dias (PT) nomeou o professor Luiz Carlos Magno para a superintendência institucional da secretaria, para estruturar o serviço de transporte de estudantes com prefeituras do estado.
Munido de conhecimento sobre como funcionavam os trâmites públicos do serviço, Magno pediu demissão do cargo no ano seguinte e ingressou como sócio em várias empresas de locação se utilizando de “laranjas”. Em 2015, com o retorno de Dias ao governo do estado, as empresas dele foram beneficiadas em licitações da secretaria, que passou a ser ocupada por Rejane.
A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios de superfaturamento dos contratos, levando à atuação da Polícia Federal. A investigação resultou na denúncia de mais de quarenta pessoas por crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, com a suspeita de desvios na ordem de R$ 120 milhões.
“Durante o período de 2015 a 2020, [Magno] recebeu do governo do estado do Piauí, através da empresa Locar Transporte Ltda. ME, mais de R$ 200 milhões em contratos superfaturados de prestação de serviços de transporte escolar e locação de veículos, cuja contraprestação se manifestava através de pagamentos e oferecimento de vantagens indevidas através das empresas ligadas ao Grupo Locar, a servidores e agentes públicos vinculados à Seduc”, diz trecho do inquérito reproduzido pela revista.
Durante a campanha eleitoral que elegeu Dias ao governo do estado, documentos apreendidos mostram que veículos utilizados pelo casal foram registrados como “cortesias” da empresa do professor, beneficiando tanto o governador quanto a então deputada. Ela teria recebido, ainda, presentes como perfumes, joias e alguns “empréstimos” em dinheiro.
A apuração aponta também que a locadora de Magno disponibilizou ao casal dois carros de luxo no valor de R$ 331 mil, além de dois veículos para o cunhado junto de R$ 100 mil em depósito bancário que a PF suspeita que seriam repassados a Rejane.
O ministro Wellington Dias é citado mais de uma dezena de vezes no relatório. Além das “cortesias” e nomeações suspeitas, há registros de geolocalização que indicam um padrão de deslocamento nas datas de pagamento dos contratos, incluindo visitas de uma suposta “gerente financeira” do grupo ao Palácio Karnak, sede do governo em Teresina.
Em meados de julho de 2020, a deputada foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal durante a terceira fase da Operação Topique, que investigava o esquema. Ela ocupava o cargo de deputada federal e Dias era governador.
Apesar das evidências, o ministro não está entre os investigados, segundo a apuração da revista. Rejane Dias foi denunciada por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Ela prestou depoimento e negou a participação no esquema, classificando as acusações como infundadas e a investigação completamente ilegal.
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