Primo do ministro abriu empresa de mineração três meses após posse e conseguiu autorização da ANM para pesquisa.| Foto: André Borges/EFE
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O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), negou nesta quarta (31) qualquer conflito de interesses envolvendo uma autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM) para que o primo e ex-sócio, Claudio Lucio de Magalhães Silveira Junior, pesquisasse diamantes em Minas Gerais.

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Isso porque, segundo apuração da Folha de São Paulo, Claudio Lucio abriu uma mineradora três meses após Silveira tomar posse do cargo de ministro. Ele afirma, no entanto, que o primo é de quarto grau, não sendo atingido pela legislação que classifica como conflito de interesses parentesco até terceiro grau.

“Se aprofundarem com relação a esse tipo de informação, vão ver que primo é parente de quarto grau. [Ele] tem o direito de exercer as suas atividades comerciais”, declarou o ministro após um leilão de petróleo em São Paulo.

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Em abril deste ano, segundo a apuração, Claudio Lucio obteve autorização da ANM para pesquisar diamantes em Guarda-Mor, cidade localizada a 545 km de Belo Horizonte e cercada por fazendas da família do ministro.

Pela legislação brasileira, apenas conflitos de interesses envolvendo parentes até o terceiro grau, como bisavós, bisnetos e tios, precisam ser informados. Primos são considerados parentes de quarto grau e não se enquadram na exigência.

Silveira defendeu-se afirmando que “a matéria tem unicamente um animus narrandi, porque ela não aponta nenhuma irregularidade e não aponta nenhuma interferência do ministro de Minas e Energia do Brasil numa atividade que não tem conflito de interesse”.

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Em junho, a Folha questionou a Casa Civil, via Lei de Acesso à Informação, sobre a entrega de documentos e informações que poderiam indicar conflito de interesses por parte de Silveira. A declaração de conflito é apresentada por autoridades à Comissão de Ética da Presidência da República e inclui informações fiscais, bancárias, pessoais e patrimoniais, além da existência de parentes com atividades potencialmente conflitantes.

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Em resposta, a Casa Civil negou o pedido, argumentando que a declaração de conflito de interesses do ministro está sob sigilo de 100 anos decretado pelo governo Lula.

Apesar do sigilo, Silveira afirmou que entregaria o documento se fosse requisitado: “O sigilo foi imposto por força da Lei de Acesso à Informação e vale para todos os ministros. Para mim, não há o que esconder. Se o jornalista que pediu acesso a essa declaração para a CEP tivesse me pedido, eu teria dado”.

Nesta quarta (31), a reportagem solicitou ao ministério acesso ao documento, mas recebeu apenas o extrato da declaração, onde o ministro declarou não haver conflitos de interesse nem por vínculo de parentesco, nem por situação patrimonial.

A assessoria de Silveira informou que, uma vez enviada, a declaração não pode mais ser acessada pelo ministro, apenas o extrato fica disponível. A Gazeta do Povo também pediu acesso ao documento, na semana passada, mas não recebeu.

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