O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria omitido das declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral - nas últimas três eleições que disputou - a casa em que mora em Brasília, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta segunda (20).
O imóvel, que teria sido adquirido por R$ 1,6 milhão em 2013, não consta nas relações patrimoniais entregues em 2014, 2018 e 2022, em que concorreu e venceu ao cargo de deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul.
A Gazeta do Povo consultou as declarações de bens nas três eleições, e a casa não consta em nenhuma delas. Em 2014, Pimenta declarou ter um patrimônio de R$ 603,5 mil, constando apenas um apartamento de R$ 97,4 mil em Porto Alegre como imóvel.
Já em 2018, o patrimônio diminuiu para R$ 566 mil, mantendo o mesmo apartamento da eleição anterior e somando uma vaga de garagem no mesmo edifício. E, em 2022, Pimenta o declarou ter R$ 192,8 mil em patrimônio, mantendo o apartamento anterior, mas se desfazendo de cotas que tinha na empresa Ouro Negro Comércio e Serviços, que somavam R$ 436,5 mil nas eleições anteriores.
A Gazeta do Povo consultou, ainda, a declaração de bens da eleição de 2010, antes de Pimenta adquirir a casa em Brasília. Naquele pleito, ele declarou ter um apartamento de R$ 194,5 mil na cidade de Santa Maria (RS), que ele diz ter vendido depois por R$ 590 mil.
Segundo apuração da Folha, a casa em Brasília tem um valor de mercado atualizado de aproximadamente R$ 3 milhões, e está situada no bairro do Lago Norte, onde imóveis semelhantes são listados por cerca de R$ 5 milhões.
Em resposta à Folha, Pimenta afirmou que seguiu estritamente todas as exigências da lei ao declarar os seus bens à Justiça Eleitoral. “Eu fiz tudo certo. Encaminhei os documentos ao partido, conforme orientações recebidas”, disse o ministro ressaltando instruções dadas pelo PT ao fazer as declarações de bens.
Lei determina declaração de bens
Paulo Pimenta disse à Folha de S. Paulo que a casa é um patrimônio dele e da mulher, e que está declarado nos informes de Imposto de Renda entregues à Receita Federal. A Gazeta do Povo pediu uma resposta ao ministro, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
"Como trata-se de patrimônio do casal em 2014, 2018, 2022, constou na declaração de minha esposa, cujo CPF está informado na minha declaração. Esta é a orientação das normativas da Receita Federal", afirmou à Folha.
Ainda segundo o jornal, Pimenta disse que os recursos para a compra da casa em Brasília foram provenientes da venda do apartamento de Santa Maria e de empréstimos, além de recursos próprios do casal, com pagamentos em cheques e transferências bancárias. Já os empréstimos teriam sido na modalidade de consignado pelo Banco do Brasil – que também não constam na declaração de bens à Justiça Eleitoral.
Embora tenha declarado o imóvel à Receita Federal, Pimenta pode ter descumprido a Lei Eleitoral 9.504/1997, que exige uma declaração de bens assinada pelo candidato junto do pedido de registro de candidatura. O documento permite à sociedade acompanhar a evolução patrimonial dos seus candidatos de modo a averiguar suspeitas ou conflitos de interesse.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF