O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta terça-feira (10) a prisão preventiva do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Torres, em Brasília, nesta tarde. O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro está em viagem aos Estados Unidos.
O pedido de prisão foi apresentado diretor-geral da PF, Andrei Passos. Na decisão, Moraes argumentou que "é razoável que, ao menos nesse primeiro momento da investigação, onde a manutenção do agente público no respectivo cargo poderia dificultar a colheita de provas e obstruir a instrução criminal, direta ou indiretamente por meio da destruição de provas e de intimidação a outros servidores públicos, se determine a prisão de ambas as autoridades".
Moraes também determinou a prisão do ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF Fabio Augusto Vieira. O chefe da PM já havia sido exonerado pelo interventor na área de segurança pública do DF, Ricardo Garcia Cappelli. Ele foi preso pela Polícia Federal nesta tarde.
O ministro afirmou ainda que "os comportamentos" de Torres e Vieira "são gravíssimos e podem colocar em risco, inclusive, a vida do Presidente da República, dos deputados federais e senadores e dos ministros do Supremo Tribunal Federal".
"Absolutamente NADA justifica a omissão e conivência do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar", escreveu o magistrado. O retorno do ex-ministro ao país estava previsto para o fim do mês. Com isso, a PF deve cumprir o mandado de prisão de Torres no momento em que ele chegar ao Brasil.
"A existência de uma organização criminosa, cujos atos têm ocorrido regularmente há meses, inclusive no Distrito Federal, é um forte indício da conivência e da aquiescência do Poder Público com os crimes cometidos, a revelar o grave comprometimento da ordem pública e a possibilidade de repetição de atos semelhantes caso as circunstâncias permaneçam as mesmas", disse o ministro.
Poucos dias após assumir a secretaria, Torres viajou com a família para o exterior. No último domingo (8), quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas, ele não estava no Brasil. A suspeita é que ele tenha sido um dos responsáveis pelo esquema de segurança que não foi capaz de conter os protestos violentos, mesmo com informações prévias sobre a realização dos atos.
No mesmo dia da invasão em Brasília, Torres foi exonerado do cargo pelo então governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Horas depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo por 90 dias. No domingo, a Advocacia-Geral da União (AGU) também protocolou no Supremo um pedido de prisão em flagrante contra Torres.
Além do pedido de prisão, o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu nesta terça que a Corte bloqueie bens de Torres. O pedido também atinge o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador afastado Ibaneis Rocha.
Ex-secretário negou ter sido conivente com invasões
Na segunda (9), Torres divulgou uma nota afirmando que as invasões foram uma “insanidade coletiva” e que viveu no domingo “o dia mais amargo de sua vida”. O ex-secretário disse lamentar “profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos”.
Nesta tarde, ele afirmou nas redes sociais que seu WhatsApp tinha sido clonado. “Olá, clonaram meu WhatsApp, não aceitem nenhuma mensagem ou ligação”, diz a mensagem divulgada no Instagram do ex-ministro.
Interventor responsabilizou Torres por falhas na segurança
O interventor na área de segurança pública do DF, Ricardo Garcia Cappelli, responsabilizou diretamente Torres pelas falhas na segurança que terminaram com a invasão dos prédios na Praça dos Três Poderes. Segundo ele, houve uma sabotagem deliberada do ex-secretário, que teria trocado todo o comando da segurança pública.
“O que faltou no domingo foi comando. Foi o comando e a liderança da secretaria de segurança do Distrito Federal. Posso afirmar que o que aconteceu não foi por acaso. Foi um ato de sabotagem do secretário Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, que assumiu a Secretaria de Segurança (do DF) na segunda-feira (2), mudou todo o comando e viajou. Então o que aconteceu não foi por acaso”, afirmou Capelli em entrevista à CNN Brasil nesta terça.
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