O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta quinta-feira (7) que a consequência da corrupção política foi a volta ao poder da “extrema direita” com “ódio” e “sangue nos olhos”. Ele discursou no evento sobre o “Dia Internacional de Combate à Corrupção” promovido pelo Ministério Público Federal (MPF). Moraes cobrou inovação por parte do MPF no combate à corrupção que ajuda a manter o crime organizado, assim como fez nos últimos anos com o combate à corrupção política.
"Tanto o Poder Judiciário quanto Ministério Público ainda estão devendo muito em relação a isso… Só existe criminalidade organizada forte porque há corrupção é grande", disse o ministro. Ele afirmou que a "chaga da corrupção infelizmente é persistente" no Brasil e "corrói a democracia como vimos nesses últimos tempos, com um abalo sísmico no mundo político que teve suas consequências".
Para o ministro, o vácuo deixado pelo combate da corrupção política gerou uma polarização e causou o retorno da "extrema direita" ao poder. "É importante dizer isso porque esse vácuo deixado teve as consequências do retorno de uma extrema direita com ódio no Brasil", disse. "Todos os sistemas preventivos falharam no combate à corrupção. Isso acabou criando um vácuo muito grande e gerou uma polarização, o ódio e um surgimento, não só no Brasil, de uma extrema direita com sangue nos olhos e antidemocrática", acrescentou.
Durante o discurso, Moraes disse que foi deixado no "exílio" pelo MPF nos últimos quatro anos. Ele defendeu que o órgão se reestruture e utilize o mesmos mecanismos aplicados para desarticular a corrupção política para investigar o crime organizado e a corrupção institucional.
“O mundo político foi atingido, o mundo político foi pego com a mão na massa, mas o mundo político não matou ninguém. A reação do mundo político é outro tipo de reação. A reação da corrupção deste mundo, do tráfico de drogas, das milícias, do jogo do bicho, do jogo das maquininhas, a reação é violenta”, afirmou o ministro.
"Só se combate a criminalidade organizada – e esse me parece o desafio do Ministério Público – se cortarmos o cordão umbilical entre o crime organizado e crime institucionalizado pela corrupção nos órgãos de estado. Vai continuar existindo o crime, a luta do bem contra o mal, não existe o Batman se não existisse o Coringa, não existe o MP se não existisse o crime", ressaltou.
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