O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o suposto plano denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) se trata de uma “operação tabajara” e mostra “o quão ridículo se chegou a tentativa de golpe no Brasil”. Moraes fez a declaração nesta sexta-feira (3), durante sua participação em uma conferência promovida pela Lide Brasil, que acontece em Lisboa, Portugal.
O evento conta ainda com a participação de outros ministros da Corte, como Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, do ex-presidente da República Michel Temer (MDB), além de outras autoridades.
Durante sua apresentação por videoconferência, Moraes confirmou que se encontrou com o parlamentar, e que o senador capixaba relatou o suposto plano arquitetado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). “A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador, para que ele, que não tem nenhuma intimidade comigo, pudesse me gravar e a partir dessa gravação, pudesse solicitar minha retirada da presidência dos inquéritos (das fake news e atos antidemocráticos)", relatou Moraes.
O ministro do STF disse que após ouvir o relato, questionou se Marcos do Val aceitaria falar sobre o suposto plano de golpe de maneira formal, em depoimento. "O senador me disse que era uma questão de inteligência e que infelizmente não poderia confirmar (de maneira formal). Eu agradeci a presença e de despedi, até porque o que não é oficial, pra mim não existe", disse o ministro. “Foi exatamente essa a tentativa de uma operação tabajara que mostra exatamente o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil. Tudo isso está sendo apurado”, afirmou Moraes.
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Moraes sugere legislação internacional em defesa da democracia
Durante seu discurso na conferência, o ministro do STF sugeriu a criação de novas leis que responsabilizem autoridades que trabalhem pela degradação da democracia. "Temos historicamente mecanismos para lidar com agressões externas à democracia”, afirmou, citando a lei marcial, estado de defesa, estado de sítio, de emergência.
“Agora como tratar das agressões internas, da corrosão da democracia, quando isso vem de políticos populistas que atacam internamente as instituições? (...) Há a necessidade de novos instrumentos normativos para que essas autoridades possam ser mais rapidamente responsabilizadas", disse.
Moraes defendeu também uma legislação internacional em defesa da democracia, afirmando que essa seria uma das questões mais importantes atualmente. "Da mesma forma que se combate o tráfico internacional de drogas, de pessoas, há necessidade do combate a esse verdadeiro tráfico internacional de ideias contra a democracia", declarou, destacando o papel das redes sociais nessa situação.
“Em estudos coordenados, e eu diria lamentavelmente eficientes da extrema direita norte-americana, ao analisar o papel das redes sociais nas Primaveras Árabes. Houve a percepção de que era um novo instrumento que poderia ser utilizado como uma verdadeira lavagem cerebral em determinados segmentos da sociedade”, disse.
“A partir disso o que nasceu como um instrumento altamente democrático, foi capturado pelos populistas, principalmente pela extrema direita, e transformado num mecanismo de lavagem cerebral, que transformou as pessoas em zumbis, repetindo ideias absurdas, pessoas cantando o Hino Nacional para pneus, esperando que ET’s viessem para o Brasil resolver o suposto problema da urna eletrônica. O que poderia ser uma comédia, é uma tragédia que resultou na tentativa frustrada de golpe no dia 8 de janeiro ", encerrou o ministro.
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