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O jornalista americano Glenn Greenwald
O jornalista americano Glenn Greenwald| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado.

O jornalista americano Glenn Greenwald disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, incluiu a Folha de São Paulo no inquérito das Fake News após as reportagens sobre o suposto uso paralelo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por Moraes.

No mês passado, a Folha de São Paulo divulgou uma série de reportagens a partir de mensagens vazadas de conversas entre auxiliares de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apontariam o uso do TSE como braço investigativo paralelo contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros nomes da direita.

De acordo com Greenwald, ele e o jornalista corresponsável pelas reportagens, Fabio Serapião, também foram incluídos no inquérito.

“Não paramos com a reportagem. Mesmo que não tenhamos publicado nas últimas semanas, não é porque tenhamos sido ameaçados, na verdade, estamos sendo ameaçados. Uma das coisas que Alexandre de Moraes fez nas primeiras semanas foi incluir, não só as supostas fontes, mas também incluiu a Folha de São Paulo e os dois jornalistas que assinam o material, o Fabio e eu, dentro do inquérito criminal sobre Fake News”, afirmou Greenwald.

“Mesmo sendo ameaçado, nunca na minha carreira, eu parei por causa de ameaças. E, nunca vou ser impedido por isso. Eu entendo meu direito como jornalista e no momento em que um jornalista está intimidado por ameaças, não é mais jornalista. Um jornalista tem que enfrentar esses riscos, porque o trabalho dos jornalistas é enfrentar os mais poderosos”, completou.

Greenwald prometeu novas reportagens sobre o assunto

Segundo Greenwald, ele e sua equipe ainda estão trabalhando sobre o material para novas reportagens.

Greenwald deu as informações através de um vídeo publicado em seu canal no Youtube, na quinta-feira (19).

O jornalista também disse que o impacto das primeiras reportagens foi menor do que o esperado porque o ministro estaria sendo “protegido por muitas instituições”, com o interesse de “minimizar” o escândalo.

Relembre o caso

As conversas vazadas envolveram Airton Vieira, juiz instrutor de Moraes no STF; Marco Antônio Vargas, seu juiz auxiliar na presidência no TSE; e Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) - o órgão era subordinado a Moraes na Corte eleitoral. 

A troca de mensagens sugere que houve supostamente adulteração de documentos, prática de pesca probatória, abuso de autoridade e possíveis fraudes de provas.

Os alvos escolhidos sofreram bloqueios de redes sociais, apreensão de passaportes, intimações para depoimento à PF, entre outras medidas. 

Após a repercussão das reportagens da Folha, Moraes determinou a abertura de um inquérito para apurar o vazamento das mensagens. 

Na abertura do inquérito, Moraes ligou o vazamento das conversas à suposta tentativa de fechar o STF.

Criticado pela abertura de um inquérito para apurar o caso, Moraes resolveu converter o inquérito em investigação preliminar.

Tagliaferro foi intimado por Moraes 

Na decisão que instaurou o inquérito, no dia 19 de agosto, Moraes determinou que Eduardo Tagliaferro fosse ouvido pela Polícia Federal.

O ex-chefe da AEED depôs na quinta-feira (22) e teve o celular confiscado durante a oitiva por ordem de Moraes.

Antes da intervenção de Moraes, Tagliaferro havia se negado a entregar o celular à PF.

A PF disse ao ministro que a apreensão era necessária, pois a investigação apura o “vazamento de informações sigilosas” que estavam “contidas no aparelho de ex-assessor” do TSE.

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