O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta (8) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entregue o passaporte à Polícia Federal em até 24 horas e não se comunique com aliados alvos da Operação Tempus Veritatis, desencadeada mais cedo.
Bolsonaro é alvo de uma das 48 medidas cautelares cumpridas pela autoridade no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro de 2023. A operação cumpre, ainda, 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva contra aliados do ex-presidente, como ex-ministros e militares.
O advogado dele, Fábio Wajngarten, afirmou que o documento foi entregue à PF antes das 12h à superintendência de Brasília "conforme determinação".
Ele afirmou, ainda, que Bolsonaro já determinou que seu auxiliar direto, que o acompanhava na viagem à Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), retorne para sua casa em Brasília “atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”.
O auxiliar que estava com Bolsonaro no litoral fluminense é Tercio Arnaud Thomaz, segundo confirmou o advogado dele, Luiz Eduardo Kuntz. Ele teve um aparelho de telefone celular apreendido pela PF, e foi alvo também da operação da semana passada que investiga um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A operação da PF ocorre um dia depois do ex-presidente realizar um evento na cidade de São Sebastião (SP) onde seria ouvido por supostamente importunar uma baleia-jubarte durante um passeio de moto aquática em junho do ano passado. O depoimento foi adiado para o dia 27 de fevereiro, em São Paulo.
Durante o evento, Bolsonaro disse a apoiadores que há uma tentativa de censurar as redes sociais, atingindo diretamente a liberdade de expressão nas mídias.
“O povo tem os aparelhos celulares e por isso o atual mandatário quer censurar as redes sociais. Esperamos que o parlamento brasileiro também não aprove a regulamentação da mídia, pois seria um golpe de misericórdia na nossa liberdade. Hoje, eu só estou aqui com vocês, graças às redes sociais. Não podemos censurar as mídias sociais e nem a mídia tradicional”, afirmou Bolsonaro, que fez a ressalva que “mesmo errando” seria pior ter a “imprensa calada”.
Ele também criticou o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030 por abuso de poder e desvio de finalidade por realizar uma reunião com embaixadores em 2022, quando estava na presidência e criticou a credibilidade das urnas eletrônicas.
Segundo a Polícia Federal, a operação desta quinta busca “apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República [Bolsonaro] no poder”.
Os mandados foram autorizados por Moraes nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Entre os alvos estão os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara, os ex-assessores Filipe Martins e Tercio Arnaud Thomaz, entre outros.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também está na mira da PF. A sede nacional do partido foi alvo de busca e apreensão.
Há, ainda, mais militares alvos da operação, como o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha que se recusou a participar da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o general Estevan Teóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; e o coronel reformado do Exército, Ailton Barros.
Informações preliminares apontam que a operação foi deflagrada a partir das declarações dadas pelo ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, na delação premiada firmada no ano passado inicialmente no âmbito das investigações da suspeita de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 na carteira de vacinação do ex-presidente.
STF terá Bolsonaro, bets, redes sociais, Uber e outros temas na pauta em 2025
Estado é incapaz de resolver hiato da infraestrutura no país
Ser “trad” é a nova “trend”? Celebridades ‘conservadoras’ ganham os holofotes
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF