O ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, foi transferido para o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais (PR).| Foto: Arthur Max/MRE.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a transferência do ex-assessor para Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, para o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, no Paraná. A unidade prisional ficou conhecida por receber presos da Lava Jato. Desde o último dia 8, Martins estava preso preventivamente na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba.

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Ele foi alvo da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022. A defesa encaminhou a Moraes um requerimento solicitando a revogação da prisão preventiva, informou o portal Metrópoles. Eles foram informados da transferência pela PF.

“Desde a semana passada, Filipe Martins foi transferido para o Complexo Médico Penal, em Pinhais. E aguarda agora a decisão referente ao requerimento de revogação da prisão preventiva, pontuando que essa só deve persistir em casos excepcionalíssimos, quando a liberdade em si for um risco, o que demonstrado não ser o caso de Filipe”, disseram os advogados, em nota.

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Eles argumentam que a manutenção da prisão pode se tornar um “cumprimento antecipado de uma eventual e absolutamente incerta pena, que naturalmente só poderá ser determinada após o trânsito em julgado, e não antes, em respeito ao princípio constitucional da presunção de inocência”.

Nesta quinta-feira (22), Martins e outros investigados no caso prestaram depoimento à PF. Ele negou ter participado de reuniões que trataram da suposta tentativa de golpe e da redação de uma minuta que previa a prisão de autoridades, como Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Além disso, o ex-assessor negou que tenha saído do Brasil no mesmo avião que levou Bolsonaro aos Estados Unidos, no fim de dezembro de 2022.

A defesa afirmou que o depoimento “foi claro e objetivo” e que Martins “está tranquilo, mas inconformado com a sua prisão, que julga precipitada e ilegal”. Os advogados apresentaram passagens de avião para Curitiba do dia 31 de dezembro de 2023 em nome de Martins e da esposa para comprovar que ele estava no país. No pedido de prisão, a PF apontou que Martins foi para o exterior no dia 30 sem registro na alfândega.

Com isso, segundo a PF, o ex-assessor não poderia apenas entregar seu passaporte durante as investigações por risco de fuga. “Houve um erro. O nome dele constava da lista dos convidados do presidente para a viagem, mas ele disse ao Bolsonaro que não iria, que ia para a casa do sogro, e não embarcou”, disse o advogado Ricardo Fernandes em entrevista ao jornal Estadão divulgada nesta quinta.

Fernandes destacou que a transferência de Martins para um presídio comum “parece uma coação para forçar uma delação”. No CMP, em Pinhais, o ex-assessor ficará isolado durante os 30 primeiros dias em uma cela da chamada “inclusão”. Segundo o protocolo da penitenciária, ele só poderá receber visitas de seus advogados neste período.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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