O ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro.| Foto: Rodrigo Sierpinski/Arquivo/Gazeta do Povo
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Integrantes do partido Podemos e empresários afirmam que o ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro tem sinalizado a eles que, a depender do apoio que receber, poderá se lançar candidato a presidente em 2022. Segundo interlocutores de Moro, nesta semana o ex-juiz da Lava Jato esteve em Brasília, onde teve reuniões num hotel para tratar do seu futuro político.

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Atualmente, Moro mora nos Estados Unidos, onde trabalha como consultor de uma empresa privada. Contudo, seus interlocutores dizem que Moro já não vê com tanta resistência a possibilidade de disputar um cargo eletivo no ano que vem. Mas, antes de tomar uma decisão, ele pretende avaliar quais grupos políticos encampariam o seu projeto.

Até o momento, o Podemos é o principal partido interessado em apoiar a possível candidatura do ex-juiz. “Moro saiu do Ministério da Justiça por razões que sabemos. Eu, o [senador] Alvaro Dias e outros senadores queremos que ele seja a terceira via que o Brasil tanto precisa", afirma o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR). "Precisamos acabar com esse discurso bipolar de que ou é o candidato da esquerda ou da direita. O Brasil precisa de uma candidatura de centro; e muita gente é entusiasta do Moro.”

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Para Oriovisto, este é o momento de as pessoas que acreditam na candidatura de Moro como alternativa para 2022 buscarem apoios. “Estamos vivendo em uma democracia; e democracia é o pensamento livre. Temos aqueles que querem a volta do Lula e eles têm todos os direitos do mundo de buscarem isso. Temos aqueles que querem a permanência do Bolsonaro, e isso também é justo. Mas existem milhões de brasileiros que não querem nenhum nem outro. Nosso grupo acredita que o Moro seria uma boa opção e estamos nessa luta”, diz o senador do Paraná.

Também senador pelo Podemos do Paraná, Alvaro Dias confirmou em entrevista recente ao site O Antagonista que Moro tem conversado sobre o assunto. “Nós nos reunimos várias vezes. Conversamos muito sobre o país, a necessidade de uma alternativa com visibilidade e credibilidade. Nós o convidamos, conversamos várias vezes. Ele [Moro] nos pediu um tempo. Ele assumiu o compromisso de que, se vier para política, se filiará ao Podemos”, disse Alvaro Dias.

A última pesquisa eleitoral XP/Ipespe, divulgada no começo de julho, mostrou Moro com 9% das intenções de voto na pesquisa estimulada. O ex-ministro aparece empatado dentro da margem de erro com Ciro Gomes (PDT), que somou 10%. Ambos ficam atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve 38%, e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que somou 26%.

O que falta para Moro decidir se será candidato

Integrantes da Executiva do Podemos confirmam que vários convites já haviam sido feitos ao ex-ministro, mas que apenas agora ele teria demonstrado interesse em discutir uma possível filiação.

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Apesar disso, Sergio Moro pediu um prazo até outubro ou novembro para definir ou descartar de vez sua candidatura em 2022.

Segundo aliados, Moro pretende aguardar os próximos meses para analisar o desfecho das investigações da CPI da Covid. Na visão desse grupo, as suspeitas de irregularidades contra o governo de Jair Bolsonaro envolvendo a compra de vacinas poderia beneficiar o discurso de combate à corrupção do ex-juiz da Lava Jato.

“Todo mundo que quer Moro candidato tem que fazer campanha agora, pois isso pode ajudar ele a se decidir. Quem quer uma terceira via e quer o Moro tem que falar”, completou Oriovisto.

O que Moro diz sobre uma possível candidatura

A Gazeta do Povo procurou o ex-juiz Sérgio Moro, por meio de sua assessoria de imprensa, para ouvi-lo sobre a a possibilidade de ele concorrer à Presidência em 2022. A assessoria informou que Moro não vai comentar o assunto.

Em outras ocasiões, anteriores ao atual momento, Moro havia descartado publicamente a possibilidade de concorrer a cargos eletivos.

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Candidatura do ex-juiz poderia fortalecer o Podemos

Além da busca de uma candidato de peso para a sucessão presidencial de 2022, o Podemos busca alternativas para se reorganizar politicamente.

A disputa do ano que vem poderá ser a primeira sem coligações entre partidos para os cargos do Legislativo. Com isso, as siglas terão que disputar “sozinhas” as vagas de deputados federais e estaduais – o que pode prejudicar os partidos que não tenham um candidato a presidente competitivo para "puxar votos" para os concorrentes aos demais cargos.

Relatora da reforma eleitoral em discussão na Câmara e presidente nacional do Podemos, a deputa Renata Abreu (SP), tem discutido alternativas com os deputados para que mudanças na regra sejam aprovadas pelo Congresso a tempo de entrarem em vigor já para a disputa de 2022.

Caso contrário, Renata Abreu admite que uma candidatura de Sergio Moro poderia beneficiar a legenda tendo em vista que muitos nomes poderiam migrar para o Podemos no ano que vem. “Sem dúvida que uma candidatura majoritária e de peso como a do Moro fortalece as candidaturas proporcionais. A gente conversa sobre isso, mas é uma decisão que caberá somente a ele”, afirma a presidente do Podemos.

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Podemos tem plano alternativo para a disputa da Presidência

Paralelamente às conversas com Sergio Moro, o Podemos já vinha se aproximando de partidos de centro no intuito de construir uma aliança para a disputa presidencial do ano que vem. A legenda chegou a conversar com integrantes do DEM, Cidadania e PV. Apesar de não fecharem um acordo, todos descartam apoio tanto a Lula quanto a Bolsonaro no ano que vem.

A candidatura à Presidência do atual líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias, vem sendo apontada como uma alternativa caso Moro não aceite participar da eleição. No entanto, isso só será definido depois de outubro ou novembro, com a decisão do ex-juiz. Alvaro Dias chegou a concorrer ao Planalto em 2018, mas ficou em 9.º lugar, com menos de 900 mil votos.

Para tentar fortalecer a legenda, a cúpula do Podemos tem tentado atrair outros nomes de peso, como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro que hoje é crítico do governo. O general da reserva confirmou recentemente que já foi convidado por “vários” partidos, mas que ainda não definiu qual será o escolhido. No Podemos, uma possibilidade para Santos Cruz seria ocupar a vaga de vice-presidente numa eventual chapa com Alvaro Dias ou concorrer ao Senado pelo Distrito Federal.

Santos Cruz foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República. Foi demitido em junho de 2019, por uma “falta de alinhamento político-ideológico” e conflitos com outros integrantes do próprio governo.

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Metodologia da pesquisa citada na reportagem

A XP/Ipespe realizou 1.000 entrevistas de abrangência nacional nos dias 5, 6 e 7 de julho. A margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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