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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro comparou o presidente Jair Bolsonaro ao Partido dos Trabalhadores (PT) e afirmou, pela primeira vez, que a possibilidade de aderir aos atos de oposição ao governo “está em aberto”. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada neste domingo (7), Moro citou a operação Lava Jato, da qual foi juiz, ao comparar o esquema de corrupção na Petrobras e a pandemia da Covid-19. Para ele, tanto o PT quanto Bolsonaro adotaram o discurso de “negacionismo”.
“Agora, o que acho em relação ao PT, independentemente de manifesto, o que seria melhor eles fazerem, e isso foi colocado por determinadas vertentes do partido, é reconhecer seus erros. (...) E a estratégia que eles adotam, negando os crimes que foram praticados durante a presidência do PT, durante o período que o partido tinha o controle sobre a Petrobras, junto a seus aliados, é mais ou menos o equivalente à postura do presidente da República, que nega a existência de uma pandemia no momento atual. É um erro isso", disse.
Ao ser questionado sobre a participação da oposição nos atos contra o governo, Moro disse que a democracia é mais importante e afirmou que tem “reservas” quanto à realização dos atos durante a pandemia.
“Essa é uma questão em aberto. Minhas posições sempre foram muito favoráveis à democracia e ao Estado de Direito, e assim tenho me manifestado publicamente”, disse. O ex-ministro foi questionado sobre a possibilidade de encontrar apoiadores da esquerda nos atos e defendeu que questões pessoais devem ser deixadas de lado.
“A democracia é um pressuposto fundamental, independentemente de qualquer partido, qualquer grupo. Na democracia temos muito mais pontos em comum do que divergências. As questões pessoais devem ser deixadas de lado”, afirmou.
O ex-ministro ainda foi questionado se a participação de Lula nos movimentos seria empecilho para declarar apoio. “Não tenho nenhum problema pessoal com Lula, ele pode ter comigo, não tenho nada. Discordo dele, divirjo do pensamento político dele e igualmente do que foi feito com a Petrobras durante o governo dele. Não existe um sentimento de animosidade pessoal, e divirjo dos crimes que foram cometidos. E não falei que vou abraçar o Lula. O movimento não é do Lula”, justificou.