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Após a divulgação de que a delação premiada está sendo usada na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o senador Sergio Moro (União-PR) e o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) criticaram o Partido dos Trabalhadores (PT) e lembraram que, em outras ocasiões, a legenda reprovava habitualmente esse instrumento quando era utilizado pela Operação Lava Jato.
“A colaboração premiada, apesar de demonizada pelo PT, revelou as roubalheiras na Petrobras durante o governo Lula, e agora é invocada pelo PT para confirmar o que já sabíamos, que Lessa é o suspeito do assassinato de Marielle. Espero que cheguem no mandante e mordam a língua ao criticarem métodos modernos de investigação”, disse o ex-juiz da Lava Jato ao jornal Folha de S. Paulo.
O ex-procurador da operação Deltan Dallagnol classificou como “hipócritas” quem criticou o dispositivo. “Assistam à mágica acontecer: agora delação premiada se tornará a coisa mais maravilhosa do mundo, capaz de resolver todos os problemas do Brasil. A esquerda, os garantistas de ocasião e os prerrogativistas todos festejarão o que até ontem eles criticavam na Lava Jato. Hipócritas”, disse Dallagnol no Twitter.
"Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?", acrescentou.
“Elcio Queiroz, delator no caso Marielle, está preso preventivamente desde março/2019, há mais de 1.500 dias. Cadê o ministro Gilmar Mendes, os advogados do prerrô e os jornalistas que criticavam as prisões alongadas de Curitiba? O problema era a Lava Jato né?”, questionou o ex-deputado.
Já a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), rebateu as declarações de Dallagnol e Moro sobre o caso. Gleisi afirmou que as informações obtidas com a delação “corroboram as provas já existentes”, diferente da “República de Curitiba que prendia e depois quando não encontrava provas, forçava confissões”.
“Lavajatistas que ainda restam estão alvoraçados com a delação no caso Marielle Franco. Vamos deixar bem claras as diferenças. Informações de Élcio Franco corroboram as provas já existentes. Diferente da República de Curitiba que prendia e depois quando não encontrava provas, forçava confissões. Caso Marielle não é convicção nem um power point. Mais respeito!”, disse a presidente do PT.
Mais cedo, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que Élcio de Queiroz acertou uma delação premiada com o Ministério Público e que isso ocorreu há cerca de 20 dias. Élcio revelou detalhes da participação de um terceiro indivíduo na morte da vereadora e do motorista, e confirmou as circunstâncias da execução do crime.
A partir da delação, a PF prendeu nesta manhã Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, que era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de ser um dos autores dos assassinatos.