O senador Sergio Moro (União-PR).| Foto: Pedro França/Agência Senado.
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Após a divulgação de que a delação premiada está sendo usada na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o senador Sergio Moro (União-PR) e o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) criticaram o Partido dos Trabalhadores (PT) e lembraram que, em outras ocasiões, a legenda reprovava habitualmente esse instrumento quando era utilizado pela Operação Lava Jato.

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“A colaboração premiada, apesar de demonizada pelo PT, revelou as roubalheiras na Petrobras durante o governo Lula, e agora é invocada pelo PT para confirmar o que já sabíamos, que Lessa é o suspeito do assassinato de Marielle. Espero que cheguem no mandante e mordam a língua ao criticarem métodos modernos de investigação”, disse o ex-juiz da Lava Jato ao jornal Folha de S. Paulo.

O ex-procurador da operação Deltan Dallagnol classificou como “hipócritas” quem criticou o dispositivo. “Assistam à mágica acontecer: agora delação premiada se tornará a coisa mais maravilhosa do mundo, capaz de resolver todos os problemas do Brasil. A esquerda, os garantistas de ocasião e os prerrogativistas todos festejarão o que até ontem eles criticavam na Lava Jato. Hipócritas”, disse Dallagnol no Twitter.

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"Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?", acrescentou.

“Elcio Queiroz, delator no caso Marielle, está preso preventivamente desde março/2019, há mais de 1.500 dias. Cadê o ministro Gilmar Mendes, os advogados do prerrô e os jornalistas que criticavam as prisões alongadas de Curitiba? O problema era a Lava Jato né?”, questionou o ex-deputado.

Já a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), rebateu as declarações de Dallagnol e Moro sobre o caso. Gleisi afirmou que as informações obtidas com a delação “corroboram as provas já existentes”, diferente da “República de Curitiba que prendia e depois quando não encontrava provas, forçava confissões”.

“Lavajatistas que ainda restam estão alvoraçados com a delação no caso Marielle Franco. Vamos deixar bem claras as diferenças. Informações de Élcio Franco corroboram as provas já existentes. Diferente da República de Curitiba que prendia e depois quando não encontrava provas, forçava confissões. Caso Marielle não é convicção nem um power point. Mais respeito!”, disse a presidente do PT.

Mais cedo, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que Élcio de Queiroz acertou uma delação premiada com o Ministério Público e que isso ocorreu há cerca de 20 dias. Élcio revelou detalhes da participação de um terceiro indivíduo na morte da vereadora e do motorista, e confirmou as circunstâncias da execução do crime.

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A partir da delação, a PF prendeu nesta manhã Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, que era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de ser um dos autores dos assassinatos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]