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“Não tenho pretensão de seguir carreira política, quero ser o presidente de transição: entregar as reformas, acabar com a reeleição, com o foro privilegiado e passar o bastão em quatro anos”. Falando a um grupo de 50 empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) do Paraná, o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, pré-candidato do Podemos a presidente da República, afirmou que seu nome está colocado no quadro eleitoral para “salvar o Brasil do pior” que, para ele, é a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Jamais pensei em ter carreira política. Se tivesse pensado nisso, tinha concorrido em 2018 e tinha vencido com certa facilidade. Mas não fiz isso. Só deixei a magistratura porque tinha um sonho a perseguir dentro do governo para construir um Brasil melhor. E saí do governo quando percebi que seria impossível realizar aquele projeto naquele governo, porque não era a mesma agenda do presidente. E agora a gente volta, porque acredita no potencial do nosso projeto, porque acredita que, hoje, é o nosso projeto que tem a capacidade de romper a polarização e evitar o pior para o Brasil e, também para buscar o melhor”.
Aos empresários, Moro disse que a prioridade de seu governo será a retomada do desenvolvimento econômico e destacou duas reformas que considera imperativo que sejam concretizadas já em 2023: a reforma tributária – “para simplificar nosso sistema de impostos, unificando os tributos sobre consumo” – e a reforma administrativa – “não para redução de custos, temos sim que cortar privilégios da elite do funcionalismo, mas o principal serviço de uma reforma administrativa é garantir serviço público de qualidade”, disse, falando em “premiar o mérito” no serviço público. O pré-candidato dedicou mais da metade de seu tempo para falar de sua proposta para a economia, defendendo o “desenvolvimento sustentável, com a necessidade de uma âncora fiscal para não ter um cheque em branco para gastos”.
Mas Moro também destacou a pauta ética e de combate à corrupção, que o tornou nacionalmente conhecido, por conta da Operação Lava Jato. “O foco do nosso projeto é a volta do crescimento econômico, mas a gente não vai abdicar de ética e integridade. Então, temos, também um pacote ético, junto com as grandes reformas. E posso apostar que uma vai ajudar a outra. Esse pacote ético seria representado pelo fim da reeleição, fim do foro privilegiado, volta da execução das penas após decisão em segunda instância e uma reforma abrangente da Justiça”.
Segundo Moro, o fim da reeleição ajudaria a aprovar todas as demais reformas: “meu pacote anticrime não andou porque tinha gente pensando em não me dar essa vitrine política. O presidente Bolsonaro declarou, em 2019, na minha frente, que reforma administrativa era tema para um segundo mandato, por conta do desgaste. Sem reeleição, nos livramos dessas sombras”, afirmou.
Moro diz que mantém pré-candidatura independente das pesquisas
Longe de alcançar os índices de intenção de voto de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, Sergio Moro afirmou que manterá a candidatura independente da pontuação que alcançar em junho, período das convenções partidárias.
“A única meta é estar entre os dois primeiros em outubro deste ano. Não adianta você crescer enormemente antes disso, chegar lá e ser derrotado. Então, nosso foco é esse: apresentar nosso projeto. Estamos nos posicionando como o principal nome nesta alternativa aos extremos. Precisamos dialogar e fazer essa construção”, disse o ex-ministro.
Moro afirmou estar buscando os demais pré-candidatos na tentativa de construir uma candidatura única da chamada “terceira via” em outubro. “Temos que tratar isso com muita humildade, as pessoas têm seus projetos, mas política é a arte do diálogo, temos conversado com vários pré-candidatos e cada um tem seu tempo, temos que respeitar. Mas coloquei isso: temos que apostar na candidatura de maior potencial e quem vai apontar isso é as pesquisas. Se o nosso projeto não estivesse nessa terceira posição, eu já teria aderido a outra candidatura”, afirmou, dizendo estar disposto a conversar, até, com Ciro Gomes (PDT).
“Com todo mundo tem diálogo. A questão é saber se a outra parte está disposta ao diálogo ou à ofensa. O que tenho visto em relação a esse candidato é uma tentativa de confronto, mas o confronto verdadeiro tem que ser com Lula e Bolsonaro, eles são os adversários que importam”.