Após a demissão do ex-ministro Sergio Moro, aliados do ex-juiz da Lava Jato colocaram seus cargos à disposição no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Pelo menos cinco secretários titulares já fizeram o gesto, mas ainda não houve nenhuma baixa formal na equipe. Na última quarta-feira (29) foi empossado o novo titular da pasta, André Mendonça, em uma cerimônia no Palácio do Planalto. Mendonça participou de uma reunião com os secretários que hoje compõem o ministério.
Boa parte da equipe formada por Moro no início do ano passado é formada por profissionais do Paraná, próximos ao ex-juiz da Lava Jato e ex-integrantes da chamada "República de Curitiba". O fato chegou a ser questionado pelo presidente Jair Bolsonaro no pronunciamento que fez após receber o pedido de demissão de Moro.
Na quinta-feira (30), ao deixar o Palácio do Alvorada pela manhã, Bolsonaro voltou a falar no assunto. “Ninguém nega o trabalho do Sergio Moro na Lava Jato, lá atrás, como juiz. Mas, como ministro, deixou a desejar. Até priorizando, privilegiando o pessoal do Paraná”, disse o presidente.
O pivô da demissão de Moro foi o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, exonerado por Bolsonaro sem o consentimento do ex-ministro. Valeixo foi indicado por Moro para o comando da PF no início da gestão. Antes, era superintendente da PF no Paraná, onde começaram as investigações da Lava Jato.
Valeixo foi responsável, por exemplo, pela coordenação da operação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao anunciar a demissão, Moro também destacou que foi Valeixo que se contrapôs à decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) que concedeu um habeas corpus ao petista.
Equipe de Moro deixa cargos à disposição
Das oito secretarias do Ministério da Justiça e Segurança, cinco secretários já deixaram os cargos à disposição e podem ser substituídos pelo novo ministro, André Mendonça.
O titular da Secretaria de Operações Integradas, Rosalvo Ferreira Franco, é um deles. Franco também foi superintendente da PF no Paraná durante a Lava Jato. Ele foi substituído por Valeixo ao se aposentar. No ministério, Franco é o responsável por coordenar operações integradas com estados e municípios, além da coordenação do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional.
Na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), Luciano Timm também colocou o cargo à disposição. “Minha absoluta e irrestrita solidariedade ao Ministro Moro. Atendi ao seu chamado para servir ao país num projeto de aposta no combate à corrupção, a uma economia de mercado e numa nova política”, disse Timm nas redes sociais, ao anunciar sua decisão.
Diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon fez o mesmo. Ele é delegado da Polícia Federal e já atuou como chefe da Delegacia da PF em Paranaguá (PR) e da Delegacia de PF em Foz do Iguaçu (PR). Além disso, foi diretor da Penitenciária Federal em Catanduvas (PR).
Vladimir Passos de Freitas, titular da Secretaria Nacional de Justiça, também colocou o cargo à disposição depois da demissão de Moro. Ele também é paranaense e já atuou como promotor de Justiça no Paraná, como juiz federal em Curitiba e juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Freitas também já foi desembargador do TRF4.
Por fim, a Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad) também pode sofrer uma baixa após a saída de Moro. Luiz Beggiora, titular da pasta, deixou o novo ministro, André Mendonça, à vontade para decidir o futuro dele. Beggiora já foi procurador-chefe da Procuradoria da Fazenda Nacional no Paraná entre 2008 e 2009 e assessor jurídico do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, além de outros cargos.
Apenas três titulares de órgãos vinculados ao ministério não se manifestaram publicamente sobre a entrega dos cargos: o secretário da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Guilherme Theophillo; a diretora-geral do Arquivo Nacional, Neide De Sordi; e o diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adriano Furtado.
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