O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participou da estreia do programa de entrevistas "O Brasil precisa saber", lançado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro neste sábado (15). Durante 25 minutos, Moro falou sobre pautas do governo no Congresso, criticou o documentário “Democracia em Vertigem”, e comentou os bastidores envolvendo o presidente Jair Bolsonaro antes da sua nomeação.
Ao ser questionado por Eduardo sobre projetos parados no Congresso, Moro defendeu a proposta para a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, no caso de crimes gravíssimos. Outro projeto de Moro é incluir a Força Nacional de Segurança na Constituição. O ministro afirmou que vai discutir as pautas com a bancada da segurança na Câmara dos Deputados para encontrar convergência.
Na entrevista, Moro citou a aprovação do pacote anticrime e temas que passaram pelo Congresso, apesar de não ser sugerido pelo governo, como a soltura do preso se a audiência de custódia não ocorresse em 24 horas – a medida foi suspensa pelo STF.
Democracia em Vertigem
Moro disse que, diante da repercussão da indicação ao Oscar do documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, resolveu assistir ao filme. “Pra um documentário acho que daí presta desserviço aos fatos, porque é uma visão muito deturpada daqueles acontecimentos. O impeachment [de Dilma Rousseff] e a própria Lava Jato tiveram maciço apoio da população brasileira, inclusive com uma das maiores demonstrações de massa de rua desde as Diretas já”, explicou. O ministro, no entanto, apontou o lado positivo: “Pelo menos tem o começo que deixa claro onde a cineasta se posiciona.”
Na sequência, opinou que a Lava Jato, o impeachment e a eleição do presidente Jair Bolsonaro foram movimentos distintos. “Claro que existe um contexto, no qual o presidente foi eleito. O impeachment não tem nada a ver com a eleição do presidente Bolsonaro”, disse.
Bastidores da nomeação
Antes das eleições o ministro revelou que não reconheceu Jair Bolsonaro, então deputado, em um aeroporto. “Ele fez continência, cumprimentei, mas sinceramente não sabia”, justificou. Moro disse que ligou e se desculpou pelo o fato ter sido explorado como "Moro ter esnobado" Bolsonaro.
Em relação à sua nomeação para o cargo, Moro revelou que, uma semana antes do segundo turno das eleições em 2018, foi procurado pelo agora ministro da Economia, Paulo Guedes, e só depois que Bolsonaro foi eleito iniciou as conversas para a nomeação.
Fake news
“Eu tenho uma opinião sobre a CPI das fake news, mas vou me reservar ao direito de não falar”, respondeu Moro, sorrindo. Para o ministro, há exageros nas redes sociais, mas ponderou que a liberdade de expressão deve ser preservada. “As pessoas tem que ter autocontrole nesse meio”, disse.
No fim da entrevista, Moro recebeu um livro de Eduardo Bolsonaro que retrata, em um dos capítulos, a operação na Itália semelhante à Lava Jato. “É engraçado que muitos desses movimentos que surgem, surgem na esteira de uma ação do estado contra o criminoso do colarinho branco”, comentou, ao responder se há espaço para medidas desencarceradoras no pós-Lava Jato.
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