Após uma conversa reservada no Palácio do Planalto no dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, apareceram juntos, nesta quinta-feira (29), no lançamento do principal projeto do ex-juiz da Lava Jato para combater os crimes violentos no país. A cerimônia contou com a presença de ministros, governadores e prefeitos, e foi marcada por afagos de Bolsonaro a Moro, a quem chamou de “patrimônio nacional”.
O lançamento do programa Em Frente Brasil em cinco cidades brasileiras coincide com o momento em que Moro está mais fragilizado no governo, após tensões com o presidente da República, a crise envolvendo a Polícia Federal, derrotas significativas no Congresso e a primeira revisão de uma sentença sua enquanto juiz da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal.
Para desfazer os rumores de desentendimentos, Moro e Bolsonaro desceram a rampa interna do palácio do Planalto juntos. Os demais ministros que acompanharam a cerimônia desceram sozinhos. No meio do caminho, o presidente parou, colocou as mãos no ombro de Moro e posou para foto, sorridente.
O ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, defendeu o ex-juiz em seu discurso. "O ministro Moro, ao ser escolhido, era símbolo, símbolo de uma luta importantíssima, porque era também um apelo e um compromisso que as pessoas faziam em cada rua, em cada praça do Brasil, que era o combate à corrupção", disse.
"Todos sabíamos que quando o ministro Moro assumiu a pasta da Justiça e da Segurança, o presidente Bolsonaro teria o melhor ministro da Justiça e Segurança que o Brasil já teve na sua história e terá nos próximos anos', completou Onyx.
Bolsonaro garantiu que dá liberdade para todos os ministros do governo atuarem e agradeceu Moro por ter aberto mão de sua carreira como juiz para integrar o governo. "O senhor abriu mão de 22 anos de magistratura não para entrar em uma aventura, mas em uma certeza de que juntos podemos fazer o melhor para nossa pátria", disse.
O evento marcou uma mudança no tom de Bolsonaro em relação a Moro. Na semana passada, ao comentar as trocas anunciadas por ele na Polícia Federal, o presidente disse: "Quem manda sou eu". Bolsonaro disse também que se não podia trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro – pivô da polêmica –, trocaria o diretor-geral, Maurício Valeixo, indicado por Moro.
Essa mudança de tom também ocorre um dia depois da exibição de uma entrevista de Moro ao programa Em Foco, da Globonews. O ministro evitou confrontar o presidente, garantiu que não será candidato à presidência nas eleições de 2022 e admitiu que trocas na Polícia Federal podem ocorrer, eventualmente.
Combate à criminalidade
O programa Em Frente Brasil foi anunciado por Moro no início do ano e é inspirado em uma experiência adotada em Portugal para diminuir índices de violência. O projeto-piloto envolve uma cidade de cada região do país, com altos índices de criminalidade: Goiânia (GO), Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR).
Ao falar sobre o projeto nesta quinta-feira, Moro defendeu o alinhamento de políticas de segurança com políticas de outras pastas para combater o crime. “Todos os ministros têm ajudado o projeto com a compreensão de que é importante tirar de circulação o criminoso violento e perigoso, mas também temos que enfrentar as causas da criminalidade”, disse.
Em coletiva de imprensa sobre o projeto, o secretário nacional de Segurança Pública, general Guilherme Theophilo, disse que o projeto é diferente de todos que já existiram no Brasil. “Ele se difere de todos os outros por não focar só em repressão, mas nas causas da criminalidade”, disse.
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