O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), afirmou nesta quarta-feira (23) que a ação apresentada pelo PL para invalidar votos de mais de 279 mil urnas utilizadas no segundo turno "não vai prosperar". Mourão defendeu "mais transparência" ao processo eleitoral. O vice-presidente fez a declaração durante sua visita a Lisboa, Portugal.
"Há uma parcela da sociedade que considera que o processo tem problemas. Eu, da minha parte, vejo que nós precisamos dar mais transparência nesse processo. Não basta, pura e simplesmente, respostas lacônicas do nosso Tribunal Superior Eleitoral, no sentido de contestar eventuais, vamos dizer assim, denúncias ou argumentações sobre o processo e nós teremos que evoluir nisso aí", disse o vice-presidente.
"Em relação a essa questão que o PL entrou ontem [terça-feira], julgo que não vai prosperar. É uma questão que teremos que resolver adiante", acrescentou Mourão em entrevista coletiva ao final de uma visita à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A informação foi divulgada pela RTP Notícias, de Portugal.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi questionado nesta tarde sobre o posicionamento de Mourão. "O senador [eleito] Mourão deve ter falado isso, porque ele deve ter visto o comportamento do Tribunal Superior Eleitoral com o nosso partido e com o nosso candidato durante a eleição. Tudo que era do PL não podia... Por todos os problemas que eles [TSE] causaram durante a eleição é que ele [Mourão] deve ter chegado a essa conclusão [de que ação não vai prosperar]", disse Valdemar a jornalistas em entrevista coletiva.
O vice-presidente também criticou a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "O que eu considero, muito claramente, é que o árbitro desse jogo, o Tribunal Eleitoral, ele foi parcial ao longo desse jogo. Isso é que eu considero", ressaltou.
Ele disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria entregar a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Na minha visão, o presidente deveria passar a faixa porque é uma questão de presidente para presidente. Independente do processo, independente de gostar ou não da pessoa. É uma questão institucional", pontuou.
Mourão diz que protestos são "catarse coletiva"
Questionado sobre as manifestações que apresentam pautas antidemocráticas, como intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), Mourão defendeu os manifestantes e disse que o movimento é uma "catarse coletiva".
"Essas pessoas não estão na rua de forma desordeira, estão num processo de, vamos dizer assim, numa catarse coletiva, não é, eu posso colocar dessa forma, no sentido de aceitar algo que eles consideram que não foi correto. E o tempo é o senhor da razão", disse.
"Em primeiro lugar, as manifestações não são golpistas. Isso foi uma coisa que vocês da imprensa estão colocando. Isso é uma manifestação de gente no Brasil, é uma questão interna nossa, que não se conformou com o processo, que considera que o processo é viciado", completou.
Primeira visita oficial a Portugal
Mourão realiza sua primeira visita oficial a Portugal perto do final do seu mandato, que termina no fim de dezembro. Ele foi eleito senador no pleito deste ano.
Nesta terça, o vice-presidente se reuniu com o primeiro-ministro português, António Costa. Pelo Twitter, Costa afirmou que o encontro foi "uma oportunidade para rever o potencial da relação bilateral e as possibilidades de investimento mútuo, principalmente no setor de energias renováveis".
Mourão, que ficará em Lisboa até quinta (24), foi recebido na segunda (22) pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Bolsonaro tem mantido uma relação institucional tensa com Portugal desde que tomou posse, em 2019, e não visitou o país nestes quatro anos de governo.
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