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Missão oficial

O que Mourão vai fazer na China e por que isso é importante para o Brasil

O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão. Foto: Sérgio Lima/AFP
Mourão vai participar de reuniões bilaterais e entregar carta de Jair Bolsonaro ao presidente chinês Xi Jinping. (Foto: Sérgio Lima/AFP)

O vice-presidente Hamilton Mourão vai representar o Brasil em missão oficial à China na semana que vem. Na agenda está previsto um encontro com o presidente chinês Xi Jinping. A viagem internacional de Mourão deve durar dez dias e inclui ainda passagens por Líbano (na ida) e Itália (na volta).

O general da reserva decolou de Brasília por volta das 15 horas dessa quinta-feira (16), com destino a Beirute. Ele passou a Presidência da República interina para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia – o presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos e retorna ao Brasil somente na manhã de sexta-feira (17).

Os principais compromissos de Mourão serão em Pequim e Xangai, a partir de domingo (19). O vice-presidente representará o governo na 5ª Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), na capital chinesa, na quinta-feira (23). A reunião com Xi Jinping está prevista para o dia seguinte, quando então Mourão iniciará o retorno ao Brasil, com escala na Itália.

O que é a Cosban e porque ela é importante

Instituída em 2004, a Cosban é o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral entre Brasil e China e é comandada pelos vice-presidentes dos dois países.

Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, Mourão disse que a ideia é resgatar e reorganizar a Cosban para fortalecer a cooperação econômica. O vice-presidente informou que a reunião também vai servir como preparativo para a viagem de Jair Bolsonaro à China no segundo semestre, provavelmente em outubro. As informações são da Agência Brasil.

“Vamos procurar dar uma mensagem política ao governo chinês e, ao mesmo tempo, nosso posicionamento em relação à iniciativa Belt and Road, uma nova plataforma que o governo chinês, ao longo dos últimos cinco anos, vem buscando colocar no comércio mundial”, afirmou.

A iniciativa “um cinturão, uma rota” (One Belt, One Road), também chamada de A Nova Rota da Seda, foi lançada em 2013 pelo presidente chinês Xi Jinping e visa promover acordos de cooperação para desenvolver projetos de infraestrutura, comércio e cooperação econômica na comunidade internacional.

Segundo Mourão, o Brasil, além de querer diversificar a exportação de produtos de maior valor agregado, pretende atrair investimentos de qualidade em projetos de infraestrutura para portos, ferrovias, rodovias e em energia renovável, como eólica e fotovoltaica.

No encontro com Xi Jinping, Mourão entregará uma carta de Bolsonaro ao presidente chinês, um gesto político que pretende reforçar a parceria comercial entre os dois países. “No segundo semestre, o presidente estará na China e acreditamos que, no primeiro semestre do ano que vem, o presidente chinês venha ao Brasil.”

China é o principal o parceiro comercial do Brasil

O vice-presidente destacou que o Brasil pode se beneficiar da disputa comercial entre China e EUA. “O Brasil tem que saber aproveitar o melhor nesse momento. Tem que se posicionar. Temos ligação com os Estados Unidos da origem da nossa independência [em 1822] – eles foram os primeiros a nos reconhecer [como nação]. Por outro lado, temos que ter o pragmatismo suficiente para entender a importância da China para o desenvolvimento econômico do Brasil”, disse.

A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial e uma das principais fontes de investimento externo no Brasil. As exportações do Brasil para o gigante asiático em 2018 superaram US$ 64 bilhões e as importações, US$ 34 bilhões. Com esse resultado, a corrente de comércio bilateral chegou a US$ 98,9 bilhões.

Durante a entrevista à TV Brasil, o vice-presidente lembrou que a China passa por dificuldade no âmbito da segurança alimentar por causa da peste suína africana, vírus que tem dizimado o rebanho de porcos no território chinês. Como consequência, destacou o vice-presidente, o gigante asiático precisa importar proteína animal para alimentar uma população de 1,4 bilhão de pessoas.

“O Brasil tem capacidade extraordinária de produção de alimentos. Então essa estratégia é que nós temos que traçar em ter essa aproximação com o mercado chinês.”

Os principais produtos brasileiros exportados são soja triturada, óleos brutos de petróleo, minérios de ferro e seus concentrados, celulose e carne bovina. No ano passado, os destaques na importação foram plataformas de perfuração ou de exploração, dragas, produtos manufaturados, como circuitos impressos e outras partes de aparelhos de telefonia.

O que Mourão vai fazer no Líbano e na Itália

Mourão tem previsão de chegar nesta sexta-feira (17) a Beirute para uma escala antes da chegada à China. Segundo o portal G1, ele será recebido pelo presidente do Líbano, Michel Aoun, e fará uma visita à Fragata União, da Marinha do Brasil.

A embarcação participa da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) em ações para evitar a entrada de armas não autorizadas no país e para auxiliar no treinamento da marinha libanesa.

Mourão tem previsão de iniciar o retorno ao Brasil na sexta-feira (24), com parada de um dia em Florença, na Itália, onde visitará um memorial da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Neste ano completam-se 75 anos da chegada da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. O retorno de Mourão ao Brasil está previsto para domingo (26).

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