O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse, em coletiva de imprensa, que os investidores internacionais querem "ver resultados" na área ambiental para destinarem recursos para o Brasil. Após reunião com representantes de fundos estrangeiros, nesta quinta-feira (9), Mourão disse que eles não se comprometeram com investimentos.
"Eles querem ver resultados e os resultados que podemos apresentar é que haja redução do desmatamento", afirmou. "A ideia é que até 2022, dentro do governo do presidente Jair Bolsonaro, vamos pouco a pouco arrinconando esses que cometem ilegalidades para chegar a um número de desmatamento aceitável", completou.
Estavam presentes representantes de fundos do Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda e Japão, que solicitaram a reunião com o governo, no fim de junho, para discutir a situação do desmatamento. Para Mourão, as críticas internacionais sobre a derrubada da floresta no país refletem interesses comerciais e disputa geopolítica, por causa da força do Brasil no agronegócio. Na avaliação dele , haveria interesse em denegrir a imagem brasileira no exterior em relação ao meio ambiente para prejudicar os negócios com outros países.
"É importante que a gente tenha consciência da disputa geopolítica que existe no mundo de hoje. O Brasil tem um potencial extraordinário, pelas características do nosso território, do nosso povo. Nós temos água, luz, terra fértil, espaço para avançar e crescer. Então, não resta a mínima dúvida que nós seremos, dentro em breve, a maior potência agrícola do mundo. Isso é destino manifesto do nosso país”, afirmou.
O governo informou os investidores estrangeiros sobre as ações que têm adotado para reduzir o desmatamento na região da Amazônia Legal. Mourão ressaltou que o Brasil tem 84% da Floresta Amazônica preservada e não precisa derrubar "nem uma árvore a mais". E propôs que a iniciativa privada invista financeiramente na preservação ambiental no país.
De acordo com o vice-presidente, foram retomadas conversas com dois grandes doadores do Fundo Amazônia — Noruega e Alemanha — e o Brasil aguarda uma resposta em relação às ações apresentadas para combate ao desmatamento.
"Uma vez que consigamos apresentar dados consistentes, os recursos serão novamente abertos a projetos para a Amazônia. Não há prazo, mas nossa visão é que, conseguindo apresentar no segundo semestre um resultado positivo em relação às queimadas, podemos dizer que estamos cumprindo nossa parte, agora podem cumprir a de vocês", acrescentou.
Chanceler lembra que acordos comerciais possuem cláusulas ambientais
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que também participou da reunião, pontuou que os grandes acordos comerciais concluídos ou em negociação, em especial os com a União Europeia e com a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), possuem cláusulas de preservação ambiental.
"(Estes acordos) são vistos como um risco, como se fossem incentivar a degradação ambiental no Brasil", afirmou Araújo. Segundo ele, o governo procurou mostrar que os acordos têm regras e compromissos ligados à preservação.
"Estes acordos, que são vistos como instrumentos que incentivariam o desmatamento, na verdade reforçam os compromissos com a Amazônia", disse Araújo. "Existe um equívoco em relação à imagem do Brasil, em especial da Amazônia", acrescentou.
Araújo pontuou ainda que os instrumentos citados nos acordos comerciais reafirmam o compromisso ambiental do governo com a Amazônia. De acordo com o ministro, o esforço do governo é para mostrar ao exterior qual é a realidade do Brasil.
Em nota sobre a reunião com investidores, distribuída à imprensa, a Vice-Presidência da República disse que os investidores foram informados que o governo "está negociando acordos comerciais de última geração com vários parceiros — entre eles UE, EFTA e Canadá — que reafirmam os compromissos internacionais do Brasil em termos de desenvolvimento sustentável e respeito aos direitos humanos, incluindo os das populações indígenas".
O governo também disse aos investidores que o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), "uma vez efetivado, implicará a adesão do Brasil aos padrões ambientais daquela Organização".
Além de Mourão, quem mais participou da reunião
Participaram da videoconferência, além de Mourão e Ernesto Araújo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; a ministra da Agricultura, Tereza Cristina; o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o ministro das Comunicações, Fábio Faria; e o presidente da Apex, Sergio Ricardo Segovia.
Entre os investidores estavam representantes da Legal and General Investment Management (Reino Unido); da Nordea Asset Management (Suécia); da SEB Investment Management (Suécia); da Storebrand Asset Management (Noruega); KLP (Noruega); Robeco (Países Baixos); AP2 Second Swedish National Pension Fund (Suécia); e Sumitomo Mitsui Trust Asset Management (Japão).
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