O atual senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou, na segunda (11) que não vê que houve uma tentativa de golpe de Estado no Brasil por um grupo supostamente ligado a Jair Bolsonaro (PL), como apontam as investigações da Polícia Federal, e que isso não seria possível apenas com a elaboração de uma suposta minuta de decreto de estado de sítio.
Mourão afirma que golpe de Estado se dá com mobilização de tropas e tomada das sedes do poder, como ocorreu na Venezuela e bem diferente do Brasil. Ele afirmou, ainda, jamais ter discutido isso com Bolsonaro.
“Golpe, para mim, não tem minuta [...] Se o presidente iria me apresentar, ou não, julgo que esse assunto, como nunca foi discutido, não tenho como chegar e dizer que ia olhar e ler. Não tratamos disso”, disse em entrevista ao UOL.
Para ele, uma tentativa de golpe seria como fez Hugo Chaves em 1992, quando “mobilizou a tropa dele, atacou o palácio presidencial e atacou a residência do presidente da República. Isso é tentativa de golpe. O resto é só discussão”.
Hamilton Mourão ainda defendeu o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, afirmando que ele manteve a tropa unida em meio às investigações que chegaram também ao ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior. “Acho que ele foi bem-sucedido nisso”, afirmou.
O senador também defendeu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e teve as provas reveladas usadas na investigação que levou à operação contra o ex-presidente e aliados.
“Cid é a parte mais fraca neste processo. É um oficial jovem, brilhante, que conheço desde criança. [...] Tinha uma carreira extraordinária e estava pronto para ir para os Estados Unidos fazer um curso, quando Bolsonaro o chamou para ser ajudante de ordem”, disse ressaltando que o envolvimento em funções políticas no governo comprometeu sua carreira militar.
Eleição de 2022 rompeu relação com Bolsonaro
Mourão também mencionou a falta de comunicação com Bolsonaro após as eleições, afirmando que sua relação com o ex-presidente se deteriorou desde que Bolsonaro escolheu outro candidato a vice-presidente – o general da reserva Walter Braga Netto –, deixando-o de lado. Ele revelou que não conversou com Bolsonaro desde dezembro de 2022 e que, após a derrota eleitoral, tentou falar com o presidente, sem sucesso.
“Acho que o governo teve coisas muito boas e, no final, teve esse fim que considero melancólico. Não fiquei satisfeito com o final do nosso governo. Tínhamos que ter reconhecido a derrota. Perdemos por pouco, mas perdemos. Tinha que ter dado uma resposta clara: perdemos agora, mas vamos melhorar para voltar mais forte em 2026. Acho que isso é do jogo democrático”, ressaltou.
O ex-vice-presidente ainda elogiou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de cancelar os eventos que celebrariam os 60 anos do golpe militar, destacando-a como uma iniciativa que contribui para a pacificação do país. Ele enfatizou a importância de compreender o passado histórico do Brasil, com seus acertos e erros, e considerou a medida de Lula como um “bom passo” nesse sentido.
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