Apesar de negar veementemente que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) está sendo comandado pelas Forças Armadas e criticar quem faz o uso do termo "ala militar" ao se referir aos generais da reserva que são ministros, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou neste domingo (7) que as Forças Armadas serão consideradas culpadas se o governo não for bem sucedido. "Se o nosso o governo falhar, errar demais, não entregar o que tá prometendo, essa conta vai para as Forças Armadas", disse Mourão no encerramento da Brazil Conference, evento organizado por estudantes da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston (EUA).
Sobre a responsabilidade de não falhar para não manchar o nome do Exército, Mourão disse que, no dia em que Bolsonaro e ele foram eleitos no segundo turno, o hoje presidente o chamou e disse: "Não podemos errar". O vice-presidente foi aplaudido de pé e ovacionado por um auditório lotado.
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"Geisel não foi eleito. Eu fui"
A forte presença de generais da reserva no governo tem sido debatida desde que Bolsonaro assumiu o poder. Em Harvard, Mourão foi questionado por um aluno de PhD sobre se os militares não aprenderam a lição de Ernesto Geisel – presidente militar que, no fim da década de 1970, promoveu de forma lenta a abertura política do país, numa percepção de que governar não era tarefa das Forças Armadas.
"O general Geisel não foi eleito. Eu fui", respondeu Mourão, que em seguida foi aplaudido de pé por quase um minuto. Nesse momento, houve uma pequena confusão quando alguém na plateia gritou: "Ditadura nunca mais". Os seguranças do evento agiram de forma rápida para retirar o manifestante do auditório.
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Hamilton Mourão concluiu sua resposta dizendo: "As Forças Armadas não estão no poder. O que ocorre é que dois militares foram eleitos. O presidente Bolsonaro, 30 anos fora das Forças Armadas. É um político, mais político do que militar". O vice-presidente ainda lembrou da demora para a definição do vice na chapa de Bolsonaro e disse que "foi convocado na décima hora para a missão".
A escolha de generais da reserva como ministros foi justificada por questões de afinidade. "Companheiros que conhecíamos de dentro das Forças foram convocados, mas são todos da reserva", disse o vice-presidente.
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