Os movimentos sociais que organizam manifestações populares em todo o país no dia 4 de junho apostam na mobilização pelas redes sociais e em adesões de mais entidades da sociedade civil. Sob o slogan de liberdade, democracia e justiça, os coordenadores esperam realizar protestos pacíficos contra a cassação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos - PR) em praças e ruas das 27 capitais brasileiras, bem como em dezenas de cidades do interior.
A iniciativa surgiu como reação à cassação do deputado Dallagnol pela unanimidade dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 16 de maio, vista como episódio mais evidente da escalada de abusos contra a democracia.
O grupo, inicialmente formado pelas ONGs Ranking dos Políticos, Fora Corruptos, Grita, Olho no Congresso Brasil, Vem Pra Rua, MBL, Curitiba Contra Corrupção e Mude se ampliou desde a convocação do evento nacional no último dia 24, no Congresso, com a participação de Dallagnol e outros 20 parlamentares da oposição.
O objetivo é reeditar protestos em escala nacional, semelhantes aos ocorridos em 2013. “Estaremos nas ruas, lutando dentro da lei, de forma ordenada e legítima, levantando nossa voz por justiça, liberdade e democracia”, afirmou o deputado cassado na ocasião.
Preparação avançou mais em SP, RJ, GO e nos estados do sul do país
Cristina Leal, coordenadora do movimento Olho no Congresso Brasil, conta que a decisão de convocar os protestos foi tomada um dia após a cassação de Dallagnol, seguida por reuniões virtuais com parlamentares e alguns outros movimentos. Os esforços foram concentrados depois em Brasília e, agora, estão naturalmente se expandindo. “Nesse curto período de preparação, já temos planos definidos em São Paulo, Rio, Sul do país e em Goiás. Ao mesmo tempo, muitas outras cidades estão confirmando. Em breve, divulgaremos a planilha geral”, disse Cristina à Gazeta do Povo.
Juan Carlos Gonçalves, diretor-geral da ONG Ranking dos Políticos, afirma que os organizadores estão solicitando às autoridades a liberação dos locais para realizar protestos nas 27 capitais, ao mesmo tempo em que recebem novos contatos. “A movimentação nas redes sociais tem crescido desde que fizemos a convocação. Creio que veremos no dia 4 de junho uma prova da indignação popular com a preocupante realidade do país, na qual um deputado é cassado por perseguição política”, diz.
Mas os protestos podem sofrer dissidências de apoiadores da direita. Na última quinta-feira (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu para que as pessoas foquem sua atenção na CPMI e não nos protestos de rua. Bolsonaro falou durante o Encontro Nacional dos Presidentes do PL.
A declaração ocorreu no momento em que o Movimento Brasil Livre (MBL) tentava ganhar protagonismo na organização dos protestos e se posicionou contra o ex-presidente no ano passado.
Políticos apostam na reação popular contra injustiças
O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, destaca que as manifestações do dia 4 de junho representam “uma sociedade cansada de presenciar ataques e injustiças ocorrendo no poder público, como a cassação de Dallagnol”. Ele acrescenta que o partido estará presente em todas as cidades onde houver concentrações, ao lado dos movimentos de rua, “que desempenharam um papel fundamental na transformação do país”.
O deputado Marcon (Podemos-RS) defendeu em discurso na tribuna que as manifestações representam a oportunidade para o país se unir em torno de uma causa nobre: resgatar o respeito à democracia e aos fundamentos que a sustentam, como liberdade e justiça, sob ataque no momento. Segundo ele, nos últimos meses, há contínua deterioração do Estado Democrático de Direito, no qual parlamentares como Dallagnol, conhecido nacionalmente por colocar criminosos na prisão, são condenados por algo “que até mesmo juristas têm dificuldade de entender”.
A deputada Bia Kicis (PL-DF), afirmou durante o 1º Congresso Conservador de Curitiba, no sábado (27), que é necessária uma mobilização popular contra a decisão do TSE que cassou Dallagnol. “Eu acredito que a gente precisa se manifestar em todos os locais. Como parlamentares, nós precisamos pressionar na tribuna. O TSE criou uma nova questão de inelegibilidade. É preciso que o povo também se manifeste e mostre sua indignação. Porque não é apenas o caso do Deltan, são muitos outros”, afirmou.
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