O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a anulação do contrato de concessão com a mineradora canadense Belo Sun, autorizando um dos maiores projetos de mineração de ouro a céu aberto do Brasil. O parecer, emitido recentemente, intensifica os obstáculos para a operação da empresa na região do Xingu, no Pará.
De acordo com o documento que a Gazeta do Povo teve acesso, o MPF endossou a argumentação da Defensoria Pública da União (DPU) e da Defensoria Pública do Pará, que, em 2022, apontaram diversas irregularidades no contrato entre o governo federal e a Belo Sun.
A DPU destacou que a área em questão é destinada à reforma agrária e abriga aproximadamente 200 famílias. Além disso, ressaltou que a mineradora ocupava terras ilegalmente e precisaria de aprovação do Congresso para adquirir os terrenos.
O procurador Rafael Nogueira afirmou que o MPF discorda “da imposição de direitos minerários sobre áreas afetadas à reforma agrária”. Ele destacou o histórico de conflitos rurais no estado e a escassez de áreas para políticas públicas de moradia e trabalho.
“A legislação que incide diretamente sobre exploração minerária pretendida no caso [...] exige que antes do início das atividades, o pretenso explorador minerário se acerte com os proprietários e possuidores do solo, mas não necessariamente que adquira a propriedade e a posse”, escreveu.
Desde 2017, o licenciamento da Belo Sun está suspenso por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, devido à falta de avaliação de impacto nas comunidades afetadas.
A região da Volta Grande do Xingu, objeto de interesse da empresa canadense, já enfrenta graves problemas ambientais, como escassez de água devido à Usina de Belo Monte. O local abriga comunidades indígenas e ribeirinhas, além de uma rica biodiversidade.
A Belo Sun, pertencente ao grupo canadense Forbes & Manhattan, planeja investir R$ 1,22 bilhão no Projeto Volta Grande para extrair ouro durante 12 anos. O licenciamento da empresa está suspenso desde 2017, devido à falta de avaliação dos impactos nas comunidades locais.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou que os indígenas afetados pela mineração fossem consultados, e a Justiça Federal decidiu que cabe ao Ibama, não ao governo estadual, analisar o licenciamento ambiental.
Em nota à Gazeta do Povo, a Belo Sun informou que o Incra concedeu o uso de 2,4 mil hectares de terra por um período determinado para a implantação da mina e sua infraestrutura “mediante inúmeras contrapartidas em prol da Reforma Agrária na região, tudo sob o crivo de um longo processo administrativo público e sob o escrutínio das autoridades competentes”.
A companhia afirma que o instituto é o “legitimo proprietário da terra” e que há duas decisões da Justiça Federal em Altamira rejeitando a suspensão do contrato.
“Vale ressaltar que o contrato de concessão continua vigente e válido até o momento, sendo a Belo Sun, para todos os efeitos legais, titular do direito de posse da área concedida”, disse afirmando que o Projeto Volta Grande “trará desenvolvimento, progresso e segurança para as comunidades e região do Estado do Pará”.
Governo recua e revoga ato da Receita Federal sobre fiscalização do Pix
Caiado e Marçal cobiçam apoio de Gusttavo Lima para eleições em 2026
Trump avalia impor tarifas contra Brasil e outros países que praticam guerra jurídica a favor da esquerda
Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo que envolve libertação de reféns
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF