Procuradora diz que não ficou comprovada intenção de importunar baleia durante passeio do ex-presidente em 2023.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ouça este conteúdo

A procuradora Maria Rezende Capucci, do Ministério Público Federal, decidiu arquivar o inquérito que apurava a suposta importunação de uma baleia jubarte pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante um passeio de moto aquática em São Sebastião, no litoral de São Paulo, em 2023.

CARREGANDO :)

Na época, Bolsonaro teria se aproximado do animal “em distância inferior a 15 metros com uma moto aquática com o motor ligado”. No entanto, segundo a procuradora, a investigação não comprovou se o ex-presidente teria importunado o animal intencionalmente.

“A análise dos documentos constantes da investigação aponta que, ainda que tenha sido suficientemente demonstrada a aproximação das embarcações em direção aos cetáceos a evidenciar o preenchimento do elemento objetivo, igual conclusão não se tem em relação ao elemento subjetivo do tipo, consistente em, de algum modo, causar intencional molestamento ao animal”, escreveu a procuradora na decisão proferida no final da última semana.

Publicidade

A defesa do ex-presidente comemorou o arquivamento e classificou a investigação como um “absurdo” que não justificaria a “mobilização da máquina estatal na direção de um episódio nitidamente sem qualquer repercussão jurídica”.

“A defesa continuará envidando todos os esforços para que as demais imputações tenham endereçamento análogo, perseguindo o divórcio entre questões jurídicas e questões políticas”, emendou o advogado Paulo Cunha Bueno.

A decisão também pontuou que as sanções administrativas já haviam sido aplicadas, como uma multa imposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ao ex-presidente. A legislação ambiental brasileira, no entanto, proíbe a aproximação de embarcações a menos de 100 metros desses animais.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

A investigação teve início após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que mostrava um homem em uma moto aquática próximo a uma jubarte, o que foi confirmado pelo ex-presidente à Polícia Federal. Ele estava acompanhado do advogado Fabio Wajngarten, que também prestou depoimento à autoridade.

Publicidade

Durante o interrogatório, Bolsonaro negou ter perturbado o animal e afirmou que se limitou a apreciar o momento e realizar imagens. Ele declarou ainda que tomou precauções para “não cruzar a linha de deslocamento do animal” e evitar riscos.

O arquivamento do caso ocorreu na mesma semana em que outra investigação contra o ex-presidente também foi encerrada, a de uma suposta fraude em certificados de vacinação contra a Covid-19. Na última sexta (28), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para arquivar o procedimento.

O ministro disse que o oferecimento da denúncia deve estar “embasado em provas autônomas e independentes, além de informações surgidas a partir da colaboração devidamente ratificadas por outras provas", o que não ocorreu no caso contra o ex-presidente, segundo a PGR.

Moraes também declinou a competência do STF em relação aos demais investigados no inquérito. Com isso, a investigação foi remetida à primeira instância. No entanto, o acordo de colaboração premiada de Cid, usado como base para o inquérito do golpe, permanece válido.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
Publicidade