A empresa Suzano Papel e Celulose informou, nesta terça-feira (7), que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) deixou todas as propriedades no sul da Bahia que havia invadido na semana passada. Segundo a fabricante, as áreas nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas foram liberadas e a companhia agora faz uma apuração dos prejuízos causados pelos MST.
Após as invasões, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), marcou uma reunião, nesta quarta-feira (8), com representantes do MST e da Suzano, para tentar recuperar o acordo feito em 2015. Na época, a justiça determinou que a Suzano indicasse terrenos para cerca de 450 famílias do MST. O titular da pasta já havia anunciado que iria intermediar as negociações entre o movimento e a empresa. A reunião vai ocorrer às 14h, na sede da pasta.
A reintegração de posse ocorreu uma semana depois da invasão das propriedades. Para justificar as invasões realizadas na última segunda-feira, o MST apontou questões como crise hídrica, êxodo rural, suposto prejuízo para a região por uso de agrotóxico ela empresa, e também criticou a monocultura do eucalipto.
A empresa destacou que a saída do MST das terras ocorreu de forma pacífica e organizada, em cumprimento à decisão do Tribunal de Justiça da Bahia, nesta segunda-feira (6), que determinou a reintegração de posse nos municípios de Caravelas e Teixeira de Freitas. Com a desocupação, cerca de 80 famílias que estavam no local foram para um assentamento próximo da área invadida.
Ainda não houve nenhum pronunciamento público por parte do presidente Lula sobre os episódios. O movimento também tem feito críticas à nova gestão petista em relação à questão agrária e à falta de definição sobre os superintendentes do Incra nos estados. Segundo a organização, mais de 100 mil famílias pelo Brasil aguardam a regularização das terras nas quais estão assentadas.
Pedido de informação
A bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados apresentou, nesta terça-feira (7), um requerimento de informação ao ministro Paulo Teixeira, sobre as denúncias de invasão de terras privadas produtivas pelo MST.
Ao apresentar o pedido, a líder do Novo na Câmara, deputada Adriana Ventura (Novo-SP), criticou a ação do MST e disse que eles devem agir dentro da lei. “Os líderes do MST devem cobrar a reforma agrária do governo. Não dá para invadir propriedades privadas para forçar uma desapropriação. Devem agir dentro da lei. É inaceitável e antidemocrático”, afirmou a parlamentar.
No requerimento, os parlamentares questionam quais medidas o MDA e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) estão tomando para coibir e evitar novas invasões. Além disso, a legenda indagou se o ministério tomará as providências para responsabilizar os invasores pelos prejuízos causados nas fazendas. No requerimento também consta o pedido de posicionamento do órgão sobre a justificativa do MST na Bahia, que alegou que as terras são “latifúndios de monocultura de eucalipto”.
Integrantes da oposição ao governo Lula e da bancada ruralista na Câmara dos Deputados também se articulam para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar às invasões de terras promovidas pelo MST.
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